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segunda-feira, outubro 01, 2012

"Cheias de Charme": O último voo da brabuleta

Na sexta-feira passada foi ao ar o último capítulo de Cheias de Charme.

Hoje, tendo visto a novela do começo ao fim, já dá pra ter uma certeza: realmente não desbancou Da cor do pecado em qualidade, e disputa o segundo lugar com Cobras & Lagartos.

O capítulo final de Cheias de Charme nos deixou aquele gosto bittersweet, que mistura tristeza com a satisfação de ter acompanhado uma novela tão boa. A novela se encerrou com uma apresentação musical das Empreguetes com Chayene e Fabian, instante em que a terceira parede desmorona e toda a equipe da novela aparece em cena. Ao que parece, não faltou ninguém, pois foram vários profisisonais que apareceram na tela. Nesse momento, admirei cada um daqueles rostos, aproveitando para parabebizá-los e agradecer pelo excelente trabalho. Obrigado, equipe.

A audiência, de 33 pontos, foi medíocre. Sequer superou o recorde da novela, que chegou a marcar 37 com picos de 40 no ibope no dia 12 de julho. Nas últimas semanas, a novela vinha marcando menos de 30 pontos.

Acredito que não só o horário eleitoral atrapalhou essa reta final. De fato, foi um erro de estratégia da Globo permitir que a novela terminasse nessa época, mas não foi só isso que interferiu nos números de Cheias de Charme. Erros graves, e imperdoáveis, acometeram o folhetim. E aqui vai a nossa crítica.


O pior de todos foi o fato de a novela não ter lançado um CD das Empreguetes. Para isso, o colunista Daniel Castro trouxe uma explicação: "a Globo até tentou lançar um CD com as músicas, mas a emissora não estava preparada para a empreitada. Os contratos previam o uso das músicas apenas na novela. Não deu tempo de renegociá-los e produzir CDs". O vacilo da Globo foi comentado pela própria Claudia Abreu em entrevista ao Mais Você.

Cheias de Charme Nacional: O único que chegou às lojas
Não bastasse não ter tido o disco das Empreguetes, Cheias de Charme não teve mais disco nenhum além da trilha nacional. É isso mesmo: uma novela musical só teve um CD lançado. E este é um erro imperdoável para qualquer novela que seja.

Uma trilha internacional é importantíssima para uma trama. Primeiro, porque ajuda a situar o telespectador: geralmente essas músicas aparecem a partir da segunda metade de uma novela, ou seja: você já sabe em que ponto a história está. Além do mais, novas músicas dão novo gás à trama, e podem interferir positivamente até no trabalho criativo dos autores. Sem contar que uma novela com as mesmas músicas tocando exaustivamente, cansam o público. Chega a aparentar que a novela não sai do lugar.

O CD nacional de Cheias de Charme conta com 17 músicas, responsáveis por embalar toda a novela. O resultado foi que faltou música para as novas situações que surgiram no decorrer da trama. Por exemplo, o insuportável romance de Penha (Taís Araújo) e Gilson (Marcos Pasquim) sequer teve direito a uma música romântica os tórridos beijos do casal seguiram ao ritmo de Tudo Nosso, do grupo Samba Livre ("Dançar o pancadão, um drink pra relaxar/ Te levo um DVD do Samba Livre pra te dar/ Quando o dia clarear").

E realmente não dá pra entender como até Amor Eterno Amor teve CD internacional, e Avenida Brasil teve 3 CDs lançados.

Tudo isso foi agravado com as barrigas que tomaram conta da novela nos dois últimos meses. Cida se vingando dos Sarmento, turnê solo da Rosário, Penha e Gilson (argh), tudo isso se arrastou demais. Contudo, apesar de tudo isso, a novela só deixará lembranças boas. Todas as três barrigas culminaram em bons finais.

Destaque para o segredo de Inácio (o surpreendente Ricardo Tozzi). Apesar da semelhança com Fabian, os dois não tinham nenhum parentesco. A verdade é que Inácio teve seu rosto desfigurado em um acidente, e quando acordou viu que o seu rosto havia sido completamente modificado, a mando da fabianática que o perseguia. Este final foi inspirado no excelente filme A pele que habito, de Almodóvar.

Um pouco antes acompanhamos o desfecho da história de Cida, do seu romance com Conrado (Jonatas Faro em um óptimo trabalho) e da falsa paternidade do Dr. Sarmento (Tato Gabus). Toda a história, apesar da barriga formada, se fechou de uma maneira muito coerente.

Para mim, Marcos Palmeira foi a maior revelação da novela. Até então eu nunca havia gostado de nenhum dos seus trabalhos, e olha que já vi muitos. O malandro Sandro, melhor personagem de toda a sua carreira, acabou tomando jeito e como recompensa ganhou o amor de sua neguinha.

Talvez para se redimir com o telespectador, a Globo estuda a viabilidade da produção de uma série mostrando uma turnê (de verdade) das Empreguetes, e o lançamento das músicas na internet para download. Duvido que a série vá sair, mas fica o registro.

Aos autores Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, e à diretora de núcleo Denise Saraceni, mais uma vez os agradeço e aguardo ansiosamente o próximo trabalho. Torço para que eles continuem quebrando convenções e trazendo humor e criatividade à televisão.



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Um comentário:

  1. Nossa... Essa novela terminou e eu não consegui ver sequer um único capítulo, rs

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