Páginas

quinta-feira, outubro 15, 2015

Não sei se é racismo, mas alguma coisa muito estranha a Globo está fazendo com Lucas e Orelha


Do Fama ao Ídolos, com o perdão da ironia, os realities musicais não criam famosos nem ídolos — e disso nós já sabemos. Ao longo deste jovem século, foram vários os programas do gênero, que aos poucos foram se esvaindo.

Hoje, apenas a Globo insiste nestes formatos e, para os artistas que lá se apresentam (e até para os que vencem), mais tem valido o durante do que o depois. O The Voice não conseguiu emplacar ninguém e, curiosamente, só o Superstar — com menor audiência e repercussão — disseminou a Banda Malta país afora, apesar de nem ela ser esse sucessão todo.

Na última temporada, o Superstar revelou a dupla Lucas e Orelha, dois jovens baianos que conquistaram o público e os jurados, a ponto de serem consagrados os grandes vencedores da edição. Com origem humilde, os garotos são negros, franzinos e seus chamam mais atenção pelo talento e pelo carisma do que pela aparência.

Encerrada aquela edição do Superstar, Lucas e Orelha peregrinaram por alguns — não todos — programas da Globo, lançaram CD e clipe... e só. A música Preta Perfeita, além de boa, tem sido bem recebida pelas rádios. Mas os meninos meio que sumiram da Globo, e nas outras emissoras eles não aparecem porque ninguém quer fazer propaganda da atração global.

Olha, eu me daria por satisfeito com esse caminho dos garotos rumo ao ostracismo porque essa é uma realidade nos realities musicais. Vencedores ganham, mas não levam. Raros são os que conseguem uma sobrevida e realmente alcançam aquilo que tanto buscaram nas competições televisionadas. Vide o exemplo do Thiaguinho, egresso do Fama, que sequer foi vencedor.

O que me inquieta é que a banda Scalene, que perdeu o Superstar para Lucas e Orelha, tem tido uma sorte que os vencedores da temporada não tiveram. Gravaram disco pela Somlivre (a gravadora do Grupo Globo não tinha obrigação nenhuma de contratá-los), com chamadas repetidas à exaustão ao longo da programação, e entraram na trilha sonora da novela das nove A Regra do Jogo, e com uma música muito ruim.

Não quero ser injusto com os rapazes do Scalene, que têm talento e história que os credenciam para estarem onde chegaram. A questão aqui é objetiva: Scarlene perdeu para Lucas e Orelha e está tendo muito mais oportunidades, dentro da Globo, do que os jovens baianos.

Coincidência ou não, os meninos do Scalene são de Brasília; são todos brancos, bonitos e corados.


Olha, vivemos em dias em que as pessoas ou odeiam demais ou problematizam demais, e não me identifico com nenhuma dessas correntes. A questão de Lucas e Orelha tem me chamado atenção porque, na Bahia, até hoje se fala do que aconteceu com o pobre do Fábio, vencedor da derradeira temporada do Fama. Provavelmente você não sabe quem é ou não se lembra dele. Fábio demorou semanas até finalmente aparecer no Faustão, poucos dias depois, foi tragado pelo esquecimento. Fábio também era negro, baiano, de origem humilde, e não cantava axé.


Desejo a Lucas e Orelha — e também à banda Scalene — muito sucesso em suas carreiras, e o mercado musical tem espaço para todos eles. Só espero que não estejamos diante de uma injusta preterição... porque é o que está me parecendo até aqui.



Curta a página do blog no Facebook:) | Siga-me em Twitter.com/Thicovski 
Curta a fanpage oficial de Lino Yang e os herdeiros dos deuses
Siga o meu perfil no Google Plus: +ThiagoRibeiros

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Extra! Extra!
Comentários perseguem as empregadas!
Extra!

Quer conversar sobre o assunto? Então comente!

Qualquer um pode postar comentários, desde que não seja anônimo. Se você não tem uma Conta Google, clique em OpenID.
Mostrem ao mundo seus lindos rostos!

(ou lindos nomes)

Os comentários são de inteira responsabilidade de seus autores. Não há legislação específica para o assunto, portanto o blog se reserva o direito de publicar qualquer comentário, mesmo que não concorde com seu conteúdo.