O primeiro episódio da série pode ser assistido gratuitamente: http://nflx.it/freeHOC Veja os nossos comentários! |
Um castelo de cartas poderia ser definido como uma criação paradoxal da arquitetura — apesar de frágil, é uma construção de simplória complexidade. Entre as cartas não há argamassa, nem cimento, nada que as ligue a não ser elas mesmas. Um sopro pode pôr tudo abaixo.
A série House of Cards, lançada pelo Netflix em fevereiro deste ano, mostra que uma traição, ou mesmo uma frustração pode ser o sopro que desencadeia a queda de um Império. Ou, pelo menos, é o suficiente para despertar a fúria de quem tem as cartas certas para fazê-lo e está disposto a jogá-las.
Kevin Spacey é Francis Underwood, corregedor da Câmara dos Representantes dos EUA que coordenou toda a campanha que colocou Garrett Walker (Michael Gill) na presidência do país, com a promessa de ser nomeado Secretário de Estado. Uma vez eleito, Walker volta atrás na sua promessa, e decide manter Francis na corregedoria. Sentindo-se traído, Francis decide passar por cima de tudo e de todos para dar a volta por cima.
Essa é a mola propulsora para um aluncinante jogo político, que traz um elenco em sintonia com os seus personagens, verdadeiros fantoches rasgados que vivem sob um livro de regras, o que não quer dizer que eles as cumprem em sua literalidade.
House of Cards entra, desde já, para a história da produção seriada. E por várias razões. É um drama de alto nível que não foi produzido para a TV, e sim para a internet. O Netflix, maior site de streaming do mundo, poderia continuar vivendo apenas do seu catálogo de filmes e séries, que é muito bom (apesar de que nos EUA o leque de opções é infinitamente maior, mas isso não vem ao caso). Mas não, eles resolveram dar um passo à frente e conquistaram o direito de produzir a série, que estava sendo disputada por gigantes como HBO e AMC.
Sem nenhum custo adicional para os assinante, o Netflix apostou em uma produção própria digna dos melhores elogios. Colocar Kevin Spacey, um dos melhores atores do cinema americano como protagonista foi o primeiro alerta de que eles não estavam ali para brincadeira. A direção ficou por conta de David Fincher, que assinou Clube da Luta, A Rede Social e Seven — filme que rendeu a Kevin Spacey um de seus 2 Oscars.
Todos os 13 episódios da primeira temporada foram disponibilizados de uma vez só, e o piloto foi liberado até para quem não assina os seus serviços. Como o site oferece 1 mês grátis para experimentação, o internauta pode conferir House of Cards inteiramente de graça, se quiser.
O drama teve 2 temporadas encomendadas, o que garante um mínimo de 26 episódios. A audiência da série deve ser aferida pelo próprio site, que decidirá se divulgará ou não os índices alcançados. Todavia, esta não parece ser a maior preocupação do Netflix, o que torna a coisa ainda mais admirável. A obssessão por números poderia interferir na qualidade da série, como geralmente acontece nas produções televisivas.
O impacto de House of Cards no modo em que vemos TV é algo que devemos observar de perto. Porque é muito provável que, a partir daqui, as coisas nunca mais sejam as mesmas.
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