segunda-feira, março 16, 2009

O CONTRATADOR DE DIAMANTES | 3º CAPÍTULO

Por você, mil vezes
EPISÓDIO 3


De frente a um computador e sentada numa poltrona estava Amoris – ou melhor, Rosa Solitária, a conversar com Solteiro Maduro. Os dois já estavam quase chegando na parte da troca de Orkut's.


Rosa Solitária diz: Tá bom. Me manda seu Orkut que eu mando o meu.

-Merda! –Gritou Alessandro, quando faltou energia na sua casa justo quando ele ia colar o link de seu Orkut. Agora a Rosa Solitária pensaria que ele havia desistido.
Alessandro foi até o vizinho: também estava sem energia. Pelo menos isso. Uma falta de energia geral no bairro o consolava. Sentado no sofá, ele se pôs a pensar: por que tinha tanto azar? E pensou mais, será que era por causa do azar de encontrar mulher é que muitos homens viravam gays? Enquanto a energia não chegasse, ele pensaria sobre essa tese de mestrado.

Depois de esperar por meia hora a resposta, Amoris transformou-se em Dercy Gonçalves soltando todo o tipo de palavrão em todo o tipo de idioma. A campainha tocou, ela foi abrir preparada para mandar quem quer que fosse tomar no...
-Simone? –Perguntou ela ao abrir. Simone adentrou, com um rebolado de dona de casa: filhinhos, quero adulterar.
-Oh, amiga. Você sabe que o único dia que eu tenho é hoje. Queria que você fizesse um chanel em mim.
-E vai cortar esse cabelo todo? Everything?
Amoris não queria cortar. Mas Simone insistiu.

O interfone tocou. A porta foi aberta.
-Faltou energia em minha casa. –Disparou Alessandro, entrando na casa de Carlos. –Você está fazendo o quê?
-Nada.
Alessandro contou seu infortúnio com a Rosa Solitária. Carlos já estava com nojo de todo aquele azar de Alessandro e de suas histórias de infelicidade amorosa.
-E se fosse você? –Perguntou Alessandro.
-Boa ideia. –Disse Carlos. –Vamos ao cinema.
-Hãn? O que uma coisa tem a ver com a outra?
-É que você perguntou: e se fosse você? Aí, eu lembrei do filme. E lembrei que nunca mais fui ao cinema.
-Tô sem dinheiro.
-Amanhã você me dá? –Disse Carlos, indo vestir uma roupa. – Vamos chamar a Vânia. Um pouco de seios grandes não faz mal a ninguém.
-Como você é vulgar.–Resmungou Alessandro com pudor de desesperado. Carlos ligou. Vânia recusou, mas ele insistiu tanto que ela resolveu ceder. Daqui a uma hora, no Shopping.

Carla estava nervosa de ficar em casa, queria sair. Ligou para Daniel Caleb, que atendeu com a delicadeza de um tubarão.
-O que você quer?
-Ah, Dani. Vamos sair? –Daniel andando pelo seu apartamento decorado com pedras de cascalhos.
-Você tem camisinha aí? –Perguntou ele ao ver que sua reserva havia esgotado.
-Não. E eu não quero ir a um motel. –Disse Carla em voz baixa para sua mãe não ouvir. –Eu estou menstruada.
-Que nojo! –Soltou Daniel que ainda não havia se acostumado com a diferença feminina neste ponto. –Então é melhor você ficar aí e descansar.
-Daniel, eu estou menstruada, mas não estou de resguardo. Eu quero sair com você.
-Está bem. Te pego daqui a pouco. –E desligou sem dizer tchau. Apesar da ignorância, Carla havia saído no lucro, pois achara que ele nem fosse querer sair. Parecia que ele estava perdendo a vergonha.

O novo cabelo de Simone ficou pronto e ela achou ótimo, apesar de Amoris preferir o cabelo longo. Mas a cabeleireira parou de reclamar, quando percebeu que o cabelo da amiga era muito bom para vender. As duas travaram um verdadeiro leilão.
-Ah, Amoris. É muito pouco. Eu vou para o Gugu vender lá.
-Vender o que, se tu já cortou? –Enfim, Amoris rematou o cabelo e Simone feliz da vida e de cabelo novo resolveu ligar para o marido. Propôs deixar a cria na casa de algum individuo manco, para eles poderem curtir um cinema. Enquanto ela ligava, Amoris olhou-se no espelho e pensou que não era de se jogar fora. Se achara até bonita, e quanto mais olhava, mas percebia que era uma injustiça ser solteira.
-Que tal você deixar as crianças com sua mãe e irmos ao cinema? – disse Simone ao marido, por telefone.
-Estou desempregado. Não tenho dinheiro para o cinema.
-Ai, grosso. Sou eu que vou pagar. A Amoris me pagou por uma coisa que me comprou. –Disse ela querendo esconder o corte do cabelo para fazer surpresa.
-Prefiro assistir o Faustão. Venha pra casa. –Eles desligou.
-Filho de uma égua. –Esbracejou Simone. Falsamente, Amoris fez cara de pena, mas no fundo ela gostou. Não que fosse má, mas é que toda solteira gosta de ver casais brigando.
-É por isso que eu não quis me casar. –Mentiu Amoris.
-Quer ir ao cinema comigo? –Convidou Simone com o intuito de pirraçar o marido fazendo-o esperar horas por ela.

Vânia chegou ao Shopping. Ela tentava encontrar seus amigos, e ao vê-los deu um aceno.
-Já comprei o seu ingresso. –Disse Carlos. – Depois a gente acerta.
-Bem, e que filme vamos assistir? –Perguntou Vânia.

-O Caçador de Pipas? –Questionou Carla ainda no carro, com raiva de Daniel, que comprara os ingressos pela internet. A raiva não era pelo filme, sim pelo programa ser cinema. –Não tinha nenhum lugar menos escuro? –Perguntou ela, enraivecida por constatar que o namorado ainda tinha vergonha de ser visto com ela.
-Se não gostou, desce. Não vou ficar bajulando ninguém. –Disse Daniel com ele não tinha meias palavras.
-Hitler. –Reclamou ela com raiva, mas não o suficiente para deixá-lo. Afinal o Hitler podia ser mal, mas tinha status. E era por isso que ela continuava naquela guerra.

Babi chegou ao Shopping com o Bolinho, seu amigo do MSN. Os dois marcaram um cinema, para remediar um pouco a situação de solteiro de cada um deles.
Apesar de tudo, Babi estava tentando entrar no clima e estava conseguindo. -No nosso horário agora, só tem O Caçador de Pipas. Eu queria um mais romântico, mas... Quer ver esse? –Cantou Bolinho. Ela deu um riso sério.
-Pode ser esse mesmo. Eu li o livro e amei. –Compraram os ingressos e como ainda faltava um tempo para começar a sessão, foram tomar um sorvete.
-Eu queria ser essa casquinha. –atacou Bolinho, enquanto Babi mordia a casquinha do sorvete, quase em sua reta final.
-Se você quer me beijar, por que não beija logo? –Emparedou Babi, que normalmente nunca faria isso. E Bolinho não perdeu tempo. Os dois sentadinhos na praça de alimentação se beijaram, quando foram vistos por uma dupla mais pobre que comprava uma água mineral para dividir.
-Ay, que fuerte! –exclamou Amoris.
-Até que enfim essa menina tirou a cara do livro e colocou numa coisa melhor –Disse Simone requebrando o farto busto.
-Vamos deixar ela em paz. –Disse a outra, puxando Simone. Francamente, ela não queria ter presenciado o beijo. Parecia ainda mais solteira agora. –Espero que esse filme seja bem triste. Quero chorar horrores. –Disse espalhafatosa, indo com Simone para sala, para não perder os trailers.

-O que vocês estão fazendo aqui? –Perguntou Vânia, indo abraçar suas amigas.
-Viemos assistir a um filme. Por que, não podemos? – perguntou Amoris meio estressada.
-Quem bom. Então vamos sentar todos juntos. –Disse Carlos.
-Calma, Carlos. Vamos esperar a Babi, para completar a turma. –Disse Simone.
-E ela está aqui? –Perguntou Alessandro, enquanto Simone coçava a língua para contar:
-Está, querido. E com um carinha.
Vânia sacudiu as mãos animadas, Carlos abriu um longo sorriso e Alessandro mal conseguiu dar um sorriso hipócrita, que Amoris percebeu. Dois solteiros se entendem.
A espera por Babi trouxe uma desagradável surpresa.
-Hitler? –perguntou Vânia ao vê-lo. Só depois percebeu que havia pensado muito alto. – O filme de Hitler! – tentou consertar, fingindo ser esse o assunto que estavam conversando antes do encontro.
-Mas o que fazem aqui os personagens do Fantástico Mundo de Lula? –Perguntou Daniel sem empolgação.
-Ah, viemos assistir ao filme né chefia? –Brincou Carlos.
“Todo nego é ousado” - Pensou Daniel por trás de seu desdém.
Carla, alegre por ter sido flagrada ao lado do chefe, mexeu nos cabelos loiros para sentir a glória daquele momento, que foi quebrado com uma surpresa bem melhor. Babi chegou de mãos dadas a um rapaz. Todos pararam. Ao vê-los, ela ficou vermelha.
-Mas o que vocês fazem aqui? Marcaram todos? –Perguntou ela sem graça. – Inclusive ele? – apontou para Daniel, horrorizada.
-Aqui foi tudo coincidência, amore. Pero... Chega de emoções e vamos entrar logo. –Disse Amoris.
E lá foram todos. Daniel não quis se misturar com a gentalha e foi com a namorada para a última fileira.
Nas cadeiras da frente, foram sentando nesta ordem: Alessandro, Carlos, Amoris, Simone e Vânia.
-Eu não queria sentar com seus amigos. –Pediu Bolinho antes de entrar na mesma fila.
-Vânia, eu vou me sentar aqui no fundo, ta? –Perguntou Babi, como se estivesse pedindo permissão.

O ambiente logo lotou. O filme era o mais visto do cinema. Bolinho pensou que deveria ter escolhido um filme do Didi, para variar. Queria uma sala mais vazia para poder agarrar Babi mais à vontade.
O filme começou e não demorou para ela sentir a mão de Bolinho sobre seus ombros. Logo se beijaram de novo.

Longe dali, Carla tentava beijar Daniel, mas ele não estava a fim.

-Cinema é para se assistir, se fosse para transar, a gente ia num motel. –Disse ele encarando o telão.
-Como se você fosse me levar a um motel se eu pedisse! – respondeu irritada, e logo desistiu das carícias.
Bruto!

Minutos depois, no banheiro feminino...
- E foi acontecer isso logo quando você está com um rapaz. –Lamentou Simone, reunida no banheiro do cinema com as amigas. Foram todas intimadas por Babi, que precisava de ajuda urgentemente: tinha menstruado.

-O que eu faço? –Perguntou Babi histérica, quase chorando.
-Aquele grosso... – resmungava Carla, quando entrou ao banheiro e se deparou com todas as colegas de trabalho e a cabeleireira solteirona reunidas, com caras apreensivas.
Gente, o que foi? perguntou, estranhando a reunião.
-A Babi menstruou. –Resumiu Amoris sem dar muito assunto. Carla rapidamente tirou um absorvente de sua bolsa.
-Aqui. – Entregou o material nas mãos de Babi, que ficou com os olhos ternos de carinho por aquela loira que até então não suportava. Todas agradeceram.

Tudo já resolvido, porém Babi não queria voltar à sala de exibição.

-Eu vou pra casa. Minha calça está suja. Que vergonha. Gente, por favor, falem para ele que eu tive que ir embora. Falem que eu passei mal.
-Como é o nome da criatura? –Perguntou Amoris.
-O apelido é Bolinho. –Vânia e Simone caíram na gargalhada.

Ao ver a última e mais bonita fala do filme, Alessandro caiu no choro, num comovente entendimento daquela linda história. Para sua surpresa, uma mulher que estava ao seu lado, não chorando menos, gostou de sua sensibilidade.
-Me liga um dia. –Disse ela dando seu cartão antes de levantar-se.
A sessão de cinema terminou, e na saída, um aviso.
-Espero todos amanhã na loja. E quem não aparecer no horário, eu mandarei ir caçar pipas. –Disse Daniel. Dormiria divinamente bem após soltar aquela piada infame. Os funcionários até acharam graça do trocadilho e riram até o Bolinho aparecer. Amoris mentiu sobre o que havia acontecido com Babi. Evitou não rir pela ironia do fato de estar explicando ao Bolinho o porquê de ele ter recebido um... bolo.

CONTINUA
NA SEMANA QUE VEM

blogaritmox@gmail.com

Um comentário:

Unknown disse...

Por você, mil vez? rsrsrssrrs
O caçador de pipas... srssr

"Blog de humor e fantasia, criado para fins de entretenimento, apenas. As informações e opiniões aqui contidas podem não corresponder à realidade. Se você se ofendeu com alguma postagem, certamente a mesma se trata uma ficção que deve ser imediatamente desconsiderada, e não levada a sério"
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