Estupro
EPISÓDIO 6
EPISÓDIO 6
Para Simone, a única vantagem de se ter uma sogra era sempre ter alguém que tomasse conta, gratuitamente, dos seus filhos.
__Simone, querida. Venha cortar os tomates para a salada. –Chamou a sogra, da cozinha.
__Dona Maria, mande seu filho cortar, que eu tô aqui com as crianças. – Simone respondeu, da sala.
Maria foi até lá.
__Meu filho não se casou para cortar tomates, querida. Os tomates estão lhe esperando. –Disse ela voltando para a cozinha.
__Oh, mulherzinha insuportável. –Disse Simone. Quando Tito saiu do banheiro, perguntou o que ela estava falando. –Nada. Olha aí essas criaturas. –Disse ela indo para a cozinha.
Maria cheirou os tomates.
__Estão fresquinhos. Você tem que comprar desses para sua casa, não tem agrotóxicos, não quero que meu filhinho tenha câncer de próstata porque sua esposa não sabe comprar tomates sem veneno. –Simone não respondeu nada, apenas revirou os olhos. Maria parou zonza do lado da pia.
__A senhora está se sentindo bem? –Maria desmaiou de vez, batendo com a cabeça na quina da pia. –Tito! –Gritou Simone.
__Derrame?! - perguntou Babi, abismada, no dia seguinte. Não conhecia Dona Maria, mas o simples fato de a sogra de Simone estar internada na UTI a deixou simplesmente estarrecida.
__No que você precisar pode contar comigo. –Apoiou Carlos.
__Obrigada, gente. Ontem eu liguei para o meu irmão Thiago, que mora no interior, e ele já chegou pra ficar cuidando dos meninos para mim.
__Menos mal. Já é uma ajuda. –Disse Babi, quando Daniel Caleb saiu do seu escritório.
__Eu gostaria de saber quem foi que vendeu 358 reais à prestação e não colocou o telefone do cliente na proposta. –Disse ele cuspindo fogo. –Esse garrancho é seu, não, Simone?
__A mulher não tinha telefone. Você não estava aqui na hora, aí a Carla me autorizou a vender assim mesmo. –Explicou-se ela.
__Eu, Simone?! Eu disse que não sabia, o Alessandro é quem disse que podia, porque ele já tinha vendido assim. –Rebateu Carla.
__Não, senhora. –Disse Alessandro. - Eu só disse que o Daniel já havia me permitido vender assim, aí você autorizou a Simone.
__Tem cinco meses que essa mulher comprou e não pagou. Dona Simone cabeça de ovo, eu quero esse dinheiro hoje no meu caixa, ou você está despedida.
__Mas Daniel...
__Mas nada. Você tem 5 horas para arranjar meu dinheiro que você perdeu com sua vendagem de mula. –Esbracejou ele voltando ao escritório.
__Era o que faltava para completar. –Disse ela nervosa.
__Calma, Simone. A gente dá um jeito. Não é, galera? –Perguntou Vânia buscando mais apoio.
__Vou ficar desempregada.
__Simone, não se preocupa. Eu tenho o dinheiro e posso te emprestar. Você me devolve sem pressa. –Disse Vânia.
__E precisando da gente, já sabe. –Repetiu Carlos.
__Obrigada, gente. Eu não sei o que ia ser de mim sem vocês. Exceto você – apontou para Carla, mas só para alfinetar.
O dia foi passando. O telefone da loja tocou, Babi atendeu, era para Simone.
__Simone, o Luizinho bateu a boca no chão e cortou. –Disse Thiago do outro lado da linha.
__Como é que isso foi acontecer, irresponsável? –Mas uma preocupação para ela.
Chegando próximo ao fim do expediente, Simone perdeu a pressão e desmaiou.
__Galera, ajuda aqui! –Gritou Vânia.
Alessandro e Carlos vieram correndo. Daniel também saiu do escritório, só que num passo bem mais lento.
__Ela tá inconsciente. Chamem uma ambulância. –Mandou Alessandro. Babi ligou o mais rápido que pôde.
__Só me faltava essa: uma funcionária morrer na loja. –Agorou Daniel deixando todos ainda mais aflitos.
__Coitada da Simone. –Disse Amoris ao ser informada de tudo por seu atual namorado.
__Pois é. Mas ela vai ficar bem, amanhã ela vai numa psicóloga, e vai melhorar. Agora eu quero saber de nós. –Disse Alessandro.
__Saber o quê, homem? –Perguntou Amoris na brutalidade incontrolável de sempre.
__Vai fazer uma semana que estamos juntos e ainda não fizemos...
__E nem vamos fazer tão cedo. Só quando casar. –Ele deu uma gargalhada, ela fechou a cara. –Tá rindo do quê?
__Da sua brincadeira.
__Alessandro, yo soy virgem...
Ele arregalou os olhos.
__Desculpa, eu não sabia.
__Nossa, será que eu pareço tanto uma... não-virgem?
__Tudo bem. –Assentiu ele. Amoris e o beijou. Por dentro, Alessandro se perguntava por quanto tempo iria aguentar o recato da namorada. Logo ele, que estava há tento tempo sem fazer sexo... Rezou para não fazer uma besteira.
Na hora do almoço, Simone não foi comer com seus colegas. Ela foi à psicóloga, pois só tinha tempo neste horário, no caminho comeria algum lanche. Conforme o tempo combinado, foi atendida. Simone entrou meia acanhada, nunca tinha feito terapia. Talvez gostasse. Sempre tivera vontade de saber como era.
__Então, Simone. Por que você está aqui? –Perguntou a simpática psicóloga que usava uma calça branca de linho, e Simone lembrou que já havia vendido daquele modelo na loja.
__É... Meu médico me enviou para cá, o Lauro.
__Muito meu amigo.
__Então... –Ela riu de nervoso enquanto observava o consultório. –Ele disse que eu tô com o estresse alto e... –De repente, ela viu algo que a fez lembrar de que já conhecia aquela psicóloga. –Esse é seu marido?
__É sim. Esta foto não deveria está aqui. –Ela se levantou, guardou a fotografia e continuou o interrogatório.
__E aí, como foi? –Perguntou Babi.
__Vocês não vão acreditar quem era a psicóloga.
__Quem era? Nós conhecemos? –Perguntou Carlos curioso.
__É a esposa do Uziel. –Revelou Simone.
__O amante da Vânia? –Perguntou Alessandro em disparada. Vânia não gostou do termo que ele usou.
__Fala mais alto, né Alessandro? Só vocês sabem disso. E o que você achou dela? –Perguntou, após processar a informação.
__A pessoa mais chique que eu já conheci.
__É, eu me lembro um pouco dela. Muito bonita. –Disse Babi.
__Galera, de que lado vocês estão? –Perguntou Vânia já se sentindo inferiorizada.
__Ah, Vânia. Você é a amante do cara e ainda quer se fazer de vítima?! –Reclamou Alessandro que não apoiava adultérios.
__Alessandro, se você me chamar de amante mais uma vez, vou lavar o chão com a sua cara.
__Mas você ta destruindo um casamento...! –Começou um bate boca entre os dois.
__Eu não tenho culpa de nada! Se não fosse comigo, seria com uma outra qualque, e...
__Como assim? -Desentendeu Alessandro. Só agora ela se deu conta da besteira que dissera; pois por pouco teria que explicar que Uziel queria trair a esposa com uma prostituta, que por coincidência, era a própria Vânia.
__Ei! -Carlos interrompeu, e ela deu graças a Deus. - Desse jeito o Hitler vai ouvir. Parem de brigar. –Mandou Carlos.
__Simone, depois a gente conversa, quando eu não tiver inimigos do lado. –Disse Vânia se afastando irritada com Alessandro.
__Tem gente que não gosta de ouvir a verdade.
__Pára, Alessandro. –Advertiu Babi.
Algumas horas depois, Vânia encontrou um momento de falar a sós com Simone no depósito.
__Amiga, por favor, eu quero que você descubra tudo sobre ela e me conte.
__Vânia, ela é minha psicóloga. Quem está lá para tirar informações é ela, e não eu.
__Simone, você é ou não é minha amiga? Você vai voltar lá esta semana.
__Eu ia nessa sexta-feira, mas ela vai viajar.
__Viajar? –Questionou Vânia. –Pra onde?
__Vânia, esquece esse homem. Ele é casado e a mulher dele me pareceu uma pessoa maravilhosa. Amiga, você só vai sofrer. Ouve o que eu tô te dizendo. –Simone saiu. Vânia ficou sozinha com seus pensamentos por alguns minutos.
Alessandro e Amoris chegaram à casa dele. Ele estava contando sobre a briga que tivera com Vânia. Queria que ela lhe desse razão.
__A vida é dela. Deixa ela destruir como quiser. Às vezes temos que deixar nossos amigos quebrarem a cara para aprender. Você é muito preocupado com os outros. –Disse Amoris olhando o apartamento dele. –Muito bonito seu apartamento.
__Obrigado. –Agradeceu ele, já voltando para o outro assunto. –Mas você não acha que eu fiz certo em dizer essas coisas à Vânia para que ela...
__Stop! Alessandro, você tá parecendo um homem velho repetindo a mesma coisa trocentas vezes. Vamos mudar de assunto... –Disse ela sentando-se sensualmente no sofá.
__Tá bom...! Você quer falar do quê? –Perguntou ele, com segundas intenções.
__Eu posso dormir aqui sexta, sábado e domingo? É que eu vou dedetizar minha casa e tenho que ficar fora por três dias. –Ele não estava esperando por isso. E de pronto não gostou da idéia. Achava que ainda estava muito cedo para ela ficar três dias seguidos em seu apartamento.
__Eu estava pensando em dormir com o Carlos esse fim de semana.
__Uau. –ela fez um tom desagradável.
__Pare com essa mente poluída. Não é nada disso. É que eu tenho que ajudar ele com esse lance das drogas. Ele pode voltar a usar a qualquer momento. Se ele ficar sozinho, vai acabar cheirando de novo.
__Baby love, você não poderá estar 24 horas ao lado de Carlos impedindo que ele cheire o que quer que seja. Todos nós vamos ajudá-lo da forma que podemos, but, pero, mas é ele que tem que fazer a escolha de parar. –Finalizou, dando o assunto por resolvido. Ela levantou do sofá e ficou fuçando os CDs dele. –Você escuta Thalia?! Isso não é meio gay? –Ela deu risada. – Kidding! Tô brincando.
__Cuidado para não tirar da ordem. –Pediu ele, já nervoso. Seus CDs eram sagrados.
Vânia e Uziel estavam mais uma vez na cama dela.
__Uzi, você vai viajar esse fim de semana? –Perguntou Vânia, alisando os cabelos negros do amante.
__Não, por quê?
__E sua esposa?
Ele a olhou surpreso.
__Vai, como você sabe?
__Eu não sei, só perguntei. Se ela vai viajar, nós dois bem que podíamos ficar na sua casa. –Ele deu um salto e a olhou sentado na cama.
__Você quer dormir comigo na cama da minha esposa?
Ela se sentou:
__Oras, e por que não? Eu tenho muita vontade de conhecer sua casa e dormir na cama que você dorme todos os dias.
__Não sei se é uma boa idéia -sorriu.
__Por que não? Ela vai estar viajando e nem vai ficar sabendo. –Vânia o abraçou pelas costas. –Se você deixar, eu prometo que faço o que você quiser. –Persuadiu, dando uma mordidinha na orelha do amante.
__Jura? –Uziel sentiu um arrepio. –Então ta certo.
O dia amanheceu, Alessandro chamou Carlos na loja para conversarem em um lugar mais afastado.
__Cara, você precisa me salvar. A Amoris quer dormir lá em casa três dias porque vai dedetizar a casa dela.
__Ótimo. Vocês vão poder curtir um monte. Manda ver e prova que nós não somos gays, viu?
__Não, cara. Presta atenção. A Amoris é virgem e só quer perder depois que casar.
__Virgem? –Perguntou ele sem acreditar.
__Não, ela é virgem mesmo. Ou seja, quer passar três dias lá em casa mexendo em todas as minhas coisas e ainda por cima não vai querer transar, então eu vou acabar enlouquecendo. Não sei do que posso ser capaz.
__E o que você quer que eu faça?
__Quero que você diga a ela que ta precisando de uma companhia para não cair na besteira de cheirar. –Carlos levantou a mão mandando ele parar.
__Eu não vou dar uma de viciado só porque você não quer receber a namorada cabeleireira virgem em sua casa por três dias.
__Falando assim, você parece o Caleb. Por favor, cara. Eu fico te devendo essa.
__Tudo bem. Mas que fique claro que eu não tô tentado a cheirar de novo, as drogas já estão fora da minha vida, nada de ficar tentando me vigiar.
__Pode deixar. Valeu, cara. –Disse Alessandro indo lhe dar um abraço de agradecimento.
__Sai pra lá, se afasta. Nossa fama já ta feia demais pra essas coisas.
Chegou a sexta-feira. A mulher de Uziel viajou, logo depois do trabalho, Vânia foi para a casa dele. Para fugir dos primos pentelhos que tinham se instalado na sua casa (e no seu quarto), Babi se ofereceu para passar o final de semana na casa de Simone, que aceitou de bom grado.
__Eu não confio muito no meu irmão com os meninos. –Disse Simone.
Alessandro e Carlos foram ao salão de Amoris para dar o anuncio.
__Amoris, eu não tô muito legal. Ainda tô meio tremendo sentindo falta das drogas e se eu ficar sozinho posso acabar cometendo uma besteira. Você podia liberar o Alessandro pra ficar comigo nesse fim de semana? –Pediu Carlos com Alessandro do lado.
__Eu queria muito que você ficasse lá, mas tá vendo aí? Ele tá precisando de alguém pra dar uma força. –Disse Alessandro. Amoris se aproximou segurando um secador.
__Quantos quartos tem mesmo o seu apartamento?
__Dois. –Respondeu Carlos, sem entender o porquê da pergunta.
__Vocês dois vão dividir um quarto e eu fico no outro, então. –Decidiu voltando à escova que estava prestes a terminar. Carlos e Alessandro se olharam.
__Faz alguma coisa. –Cochichou Alessandro.
__Como? –Perguntou Amoris se virando.
__Nada, não. –Disse Carlos sorrindo. –Eu vou amar ter vocês dois lá para me ajudar. – ironizou Carlos.
Babi chegou à casa da Simone por volta das 9 da noite. Thiago abriu a porta.
__Oi, eu sou o irmão da Simone. Ela disse que você viria. Ela teve que ir ao hospital, mas pode entrar. –Babi entrou com sua mochila nas costas. As crianças estavam bagunçando a sala.
__Obrigada. E as coisas aqui, estão muito ruins? Resolvi vir para dar uma força à Simone. Muita barra que ela ta passando.
__Nem me diga. Mas minha irmã é batalhadora. Assim como todo mundo da nossa família. –Babi concordou com uma certa incerteza.
__Você mora em Campinas, né? Ela comentou comigo. Você faz o quê lá?
__Eu? Nada. Fico dando trabalho a minha mãe - respondeu Thiago, e Babi riu.
__Não estuda?
__Terminei o terceiro ano e não conseguir passar nos vestibulares que eu fiz...
__Eu também não consegui! –Disse ela abertamente, encontrando algo em comum. –E isso é tão ruim né? Acho tão injusto esse sistema para ingressar numa faculdade no Brasil ... –E passou a dissertar o assunto.
Alessandro, Amoris e Carlos terminaram de comer já tarde da noite.
__Já estou com sono. Eu vou dormir. –Disse Amoris.
__Quer que eu fique no seu quarto até dormir? –Sugeriu Alessandro.
__Não, obrigada. Eu consigo dormir sem ter um orgasmo antes.
__Como você é maldosa.
__Eu sabia que esse namoro de vocês ia ser uma pataquada. –Disse Carlos.
__Eu estava louca quando comecei a namorar esse homem. Devia ter me lembrado que, do jeito que ele era desesperado, só iria pensar em sexo. –implicou Amoris, e Carlos deu risada. Ela foi para o seu quarto. –Não durmam muito juntos, tá? –Brincou, antes de desaparecer.
__Você vai dormir na sala, viu? –Avisou Carlos.
Simone voltou para sua casa no dia seguinte, exausta.
__Eu fiz uma comida. Achei que chegaria com fome. –Disse Babi.
__Oh, eu não sei nem como te agradecer. E me desculpa ter te deixado aqui sozinha. A mãe do Tito não melhorou e eu tive que ficar com eles.
__Não se preocupa. Foi divertido. Eu e seu irmão conversamos muito aqui. Ele é muito legal.
__Ah, sim. Cadê ele?
__Tá dormindo. É que ontem nós ficamos acordados até uma 4 da manhã.
__Fazendo o quê?
__Conversando.
As crianças acordaram e começaram a chamar pela mãe.
__Babi, você podia dar comida a eles e deixar eu tirar pelo menos um cochilo? Eu tô um caco. Juro que fico te devendo essa.
__Tá certo. Eu vou ver as crianças. –Simone foi dormir.
Uma hora depois, Thiago acordou sem camisa e saiu pela casa só de cueca.
__A Simone já chegou? –Perguntou ele, dando um susto em Babi.
__Já. –Respondeu sem graça. –Você anda só de cueca pela casa dos outros é?
__Costume meu.
Ela deu risada.
__Ah, toma vergonha. Veste alguma coisas, as crianças estão olhando.
__Tá bom. Mas eu tô na casa da minha irmã... –Disse ele coçando as axilas e indo para o quarto. Babi achou aquilo horrível, mas ao mesmo tempo ficou nervosa com a virilidade que aquela atitude primitiva causava.
Alessandro e Amoris namoravam no quarto de visita. O namoro estava esquentando até Carlos interromper.
__Vocês vieram me ajudar ou namorar? –Perguntou ele, pulando na cama entre os dois.
__Oh, Carlos. Logo agora que a coisa estava ficando boa. –Reclamou Alessandro, inconformado.
__Você estava com esperança de eu transar na cama dos outros, é? –Perguntou Amoris.
__Nunca se sabe... –Disse Alessandro.
__Não faria nem forçada.
__Mas nunca se sabe...-Repetiu Alessandro, mas Amoris ignorou.
__Se sujassem o lençol, vocês que iam lavar as manchas de sangue.
__Credo! Que coisa feia de se dizer, Carlos! –Brigou Amoris.
__Brincadeira. Eu vou deixar vocês aí e vou tirar um cochilo, que eu adoro dormir sábado à tarde. Fiquem à vontade. Podem sujar o lençol que eu não ligo. –Amoris jogou o travesseiro nele.
Vânia conheceu toda a casa de Uziel. Era um sonho. Imaginou que aquela casa seria sua, caso tivesse se casado. Foi aí que se sentiu deslocada, como se aquilo não lhe pertencesse.
Ele a carregou nos braços, até o quarto. Fizeram amor até o dia raiar.
Acordaram lá pelas 3 da tarde. Procuraram o que comer e ficaram petiscando alguma coisa.
__Eu ainda tô com fome. –Disse Vânia.
__Eu também. Me espera aqui que eu vou no mercado comprar umas coisinha pra gente. –Disse Uziel, dando-lhe um beijo e saindo. Vânia vestiu uma camisola e ficou na sala vendo uns álbuns de fotos que havia encontrada na estante. Ela ouviu a porta se abrir.
__Esqueceu alguma coisa, amor? –Perguntou ela abaixando o álbum.
__Vânia?! –Perguntou a doutora Renata ao vê-la em sua casa. –Eu sabia que era com você que meu marido estava me traindo.
Vânia ficou desesperada, não podia desafiar a dona da casa. Lembrou-se das palavras de Alessandro, sabia que estava errada, só lhe restara... correr!
__Volte aqui! –Gritou Renata, correndo atrás dela, que tentava fugir pela porta da cozinha. –Não fuja, sua descarada. –Vânia apertou o botão do elevador, Renata já vinha atrás, então ela correu para descer pelas escadas. –Não fuja de mim! –Gritou Renata, tentando alcançá-la, até cair da escada. Vânia olhou para trás e voltou para ajudá-la.
__Você está bem? –Pergunto,u preocupada. Renata não conseguiu responder, apenas chorou, tinha sangue no chão. –Eu vou chamar uma ambulância.
Tito chegou em casa dizendo que sua mãe estava morrendo.
__Eu vou tomar banho. Arrume as crianças, nós vamos ver mamãe. –Disse ele aflito.
__Babi, eu vou ter que ir para o hospital com eles. Você vai para sua casa? –Perguntou Simone.
__Não. Ela fica aqui comigo. –Disse Thiago.
__É, eu fico aqui com ele.
__Então ta bom. Vou preparar as crianças.
Assim que Tito tomou seu banho, ele, Simone e as crianças foram para o hospital.
__Coitado do Tito. Será que a mãe dele vai morrer? –Perguntou Babi.
__Se morrer, para minha irmã vai ser um alivio, ela não gosta da sogra. –Disse Thiago causando mais estranheza em Babi.
Simone chegou ao hospital e avistou Vânia, Alessandro, Amoris e Carlos.
__O que vocês estão fazendo aqui?
__A Vânia nos chamou. –Respondeu Carlos.
__A Renata me pegou na casa dela e caiu da escada –Disse Vânia chorando.
__Eu tenho que ficar com o Tito, mas...
__Vai, Simone. A gente tá cuidando dela. –Disse Amoris.
__Eu volto já. –Simone foi atrás do seu marido que estava com os filhos. Ela passou por Uziel, que estava indo falar com Vânia.
__Como ela está? –Perguntou ela, arrependida.
__Quebrou um dente, mas vai ficar bem.-Respondeu Uziel.
__Eu posso fazer alguma coisa?
__Você já fez demais. –disse Uziel com desprezo, voltando para sua esposa. Vânia chorou mais ainda.
__Sempre é assim. O marido sempre fica com a esposa. –Disse Alessandro.
__Ela não precisa disso agora, Alessandro. –Reclamou Amoris. Carlos a abraçou:
__Tudo vai ficar bem.
O telefone tocou, Thiago atendeu e depois desligou.
__Era a Simone dizendo que a sogra está agonizando, pode morrer a qualquer hora, então eles vão demorar muito.
__Então, acho que vou para casa. –Disse Babi que já não achava a companhia de Thiago tão agradável como antes.
__Calma. –Disse ele, pegando-a pelo braço e lhe roubando um beijo.
__O que você ta fazendo?! –Disse ela, afastando-o. –Eu vou pegar minhas coisas e vou embora. –Ela foi até o quarto, ele foi atrás dela e trancou o quarto. –Abre isso que eu vou embora.
__Pare de fazer charme. Eu sei que você também quer. –Babi começou a ficar apavorada, mais ainda quando ele partiu para cima dela, arrancando sua roupa. Ela começou a gritar, ele tapou-lhe a boca com um pano, abaixou suas calças e tentou penetrá-la. Ela tentava bater em Thiago com as pernas, não deixando o pênis entrar. –Pare, fique quieta! –Mandou Thiago com muito tesão, enquanto ela chorava. Houve um momento em que pareceu ter sido penetrada, ele perdeu mais a força, então ela conseguiu soltar seu braço e dar-lhe um murro, destrancou a porta e saiu correndo, ele tentou alcançá-la mais não conseguiu.
Babi ia andando pelas ruas desolada, chorando sem despertar a comoção de nenhum dos transeuntes.
Longe dali, Uziel passava a mão nos cabelos de Renata, pedindo desculpas. Igualmente sem rumo estava Vânia, que no momento deixava o hospital, consolada pelos amigos...
Ao chegar em casa, Carlos deixou os visitantes namorando no quarto de hóspedes, foi para seus aposentos, e cheirou um pouco da cocaína que havia comprado há dois dias.
Hospedar é uma arte, exige tempo e dedicação. Apesar de todos os trabalhos que se tem em hospedar uma pessoa, o pior mesmo é quando você não tem ninguém que queira se hospedar em sua casa. Como Daniel Caleb, que depois de tanta solidão acabou criando seu próprio visitante.
__Tá precisando de alguma coisa? –Perguntou Daniel em pé, frente ao sofá.
__Não, obrigado. Mas se tivesse uma loira seria bom. –Respondeu Daniel sentado no sofá.
__Eu tenho uma ex-namorada que é loira. Se eu chamar, ela pode vir e ficar com nós dois. –Disse Daniel novamente, em pé, frente ao sofá.
__E ela aguenta? - riu.
__Não tenho dúvdas.
__Uma suruba é uma bela forma de agradar um visitante. –Aceitou sentado no sofá.
__Então vou engolir o orgulho e vou voltar para aquela piranha. –Decidiu Daniel outra vez frente ao sofá. -Mas faço isso por você.
__És um verdadeiro lord.
Nossa última hospedagem não nos permitirá sentir alegria ou tristeza. A Dona Maria chegou em sua última hospedagem, e antes da partida final, lá estavam seus entes queridos dando o último adeus.
__A Vânia não quis vir? –Perguntou Simone olhando o caixão que em breve seria enterrado.
__Não. Ela não está se sentindo bem. –Respondeu Amoris.
__Pô, até o Caleb veio. –Cochichou Carla, e ele se aproximou dela.
__Preciso conversar com você agora. –Exigiu Daniel.
__Depois do enterro. –Disse Carla, pensando em adiar o máximo possível, pois imaginava estar prestes a ser mandada para fora da loja.
__Por que a Babi não veio também? –Perguntou Carlos a Simone.
__Não sei... Ela tava muito estranha. –Respondeu Simone. Thiago ouviu, e sentiu um suave arrepio.
__Simone, querida. Venha cortar os tomates para a salada. –Chamou a sogra, da cozinha.
__Dona Maria, mande seu filho cortar, que eu tô aqui com as crianças. – Simone respondeu, da sala.
Maria foi até lá.
__Meu filho não se casou para cortar tomates, querida. Os tomates estão lhe esperando. –Disse ela voltando para a cozinha.
__Oh, mulherzinha insuportável. –Disse Simone. Quando Tito saiu do banheiro, perguntou o que ela estava falando. –Nada. Olha aí essas criaturas. –Disse ela indo para a cozinha.
Maria cheirou os tomates.
__Estão fresquinhos. Você tem que comprar desses para sua casa, não tem agrotóxicos, não quero que meu filhinho tenha câncer de próstata porque sua esposa não sabe comprar tomates sem veneno. –Simone não respondeu nada, apenas revirou os olhos. Maria parou zonza do lado da pia.
__A senhora está se sentindo bem? –Maria desmaiou de vez, batendo com a cabeça na quina da pia. –Tito! –Gritou Simone.
__Derrame?! - perguntou Babi, abismada, no dia seguinte. Não conhecia Dona Maria, mas o simples fato de a sogra de Simone estar internada na UTI a deixou simplesmente estarrecida.
__No que você precisar pode contar comigo. –Apoiou Carlos.
__Obrigada, gente. Ontem eu liguei para o meu irmão Thiago, que mora no interior, e ele já chegou pra ficar cuidando dos meninos para mim.
__Menos mal. Já é uma ajuda. –Disse Babi, quando Daniel Caleb saiu do seu escritório.
__Eu gostaria de saber quem foi que vendeu 358 reais à prestação e não colocou o telefone do cliente na proposta. –Disse ele cuspindo fogo. –Esse garrancho é seu, não, Simone?
__A mulher não tinha telefone. Você não estava aqui na hora, aí a Carla me autorizou a vender assim mesmo. –Explicou-se ela.
__Eu, Simone?! Eu disse que não sabia, o Alessandro é quem disse que podia, porque ele já tinha vendido assim. –Rebateu Carla.
__Não, senhora. –Disse Alessandro. - Eu só disse que o Daniel já havia me permitido vender assim, aí você autorizou a Simone.
__Tem cinco meses que essa mulher comprou e não pagou. Dona Simone cabeça de ovo, eu quero esse dinheiro hoje no meu caixa, ou você está despedida.
__Mas Daniel...
__Mas nada. Você tem 5 horas para arranjar meu dinheiro que você perdeu com sua vendagem de mula. –Esbracejou ele voltando ao escritório.
__Era o que faltava para completar. –Disse ela nervosa.
__Calma, Simone. A gente dá um jeito. Não é, galera? –Perguntou Vânia buscando mais apoio.
__Vou ficar desempregada.
__Simone, não se preocupa. Eu tenho o dinheiro e posso te emprestar. Você me devolve sem pressa. –Disse Vânia.
__E precisando da gente, já sabe. –Repetiu Carlos.
__Obrigada, gente. Eu não sei o que ia ser de mim sem vocês. Exceto você – apontou para Carla, mas só para alfinetar.
O dia foi passando. O telefone da loja tocou, Babi atendeu, era para Simone.
__Simone, o Luizinho bateu a boca no chão e cortou. –Disse Thiago do outro lado da linha.
__Como é que isso foi acontecer, irresponsável? –Mas uma preocupação para ela.
Chegando próximo ao fim do expediente, Simone perdeu a pressão e desmaiou.
__Galera, ajuda aqui! –Gritou Vânia.
Alessandro e Carlos vieram correndo. Daniel também saiu do escritório, só que num passo bem mais lento.
__Ela tá inconsciente. Chamem uma ambulância. –Mandou Alessandro. Babi ligou o mais rápido que pôde.
__Só me faltava essa: uma funcionária morrer na loja. –Agorou Daniel deixando todos ainda mais aflitos.
__Coitada da Simone. –Disse Amoris ao ser informada de tudo por seu atual namorado.
__Pois é. Mas ela vai ficar bem, amanhã ela vai numa psicóloga, e vai melhorar. Agora eu quero saber de nós. –Disse Alessandro.
__Saber o quê, homem? –Perguntou Amoris na brutalidade incontrolável de sempre.
__Vai fazer uma semana que estamos juntos e ainda não fizemos...
__E nem vamos fazer tão cedo. Só quando casar. –Ele deu uma gargalhada, ela fechou a cara. –Tá rindo do quê?
__Da sua brincadeira.
__Alessandro, yo soy virgem...
Ele arregalou os olhos.
__Desculpa, eu não sabia.
__Nossa, será que eu pareço tanto uma... não-virgem?
__Tudo bem. –Assentiu ele. Amoris e o beijou. Por dentro, Alessandro se perguntava por quanto tempo iria aguentar o recato da namorada. Logo ele, que estava há tento tempo sem fazer sexo... Rezou para não fazer uma besteira.
Na hora do almoço, Simone não foi comer com seus colegas. Ela foi à psicóloga, pois só tinha tempo neste horário, no caminho comeria algum lanche. Conforme o tempo combinado, foi atendida. Simone entrou meia acanhada, nunca tinha feito terapia. Talvez gostasse. Sempre tivera vontade de saber como era.
__Então, Simone. Por que você está aqui? –Perguntou a simpática psicóloga que usava uma calça branca de linho, e Simone lembrou que já havia vendido daquele modelo na loja.
__É... Meu médico me enviou para cá, o Lauro.
__Muito meu amigo.
__Então... –Ela riu de nervoso enquanto observava o consultório. –Ele disse que eu tô com o estresse alto e... –De repente, ela viu algo que a fez lembrar de que já conhecia aquela psicóloga. –Esse é seu marido?
__É sim. Esta foto não deveria está aqui. –Ela se levantou, guardou a fotografia e continuou o interrogatório.
__E aí, como foi? –Perguntou Babi.
__Vocês não vão acreditar quem era a psicóloga.
__Quem era? Nós conhecemos? –Perguntou Carlos curioso.
__É a esposa do Uziel. –Revelou Simone.
__O amante da Vânia? –Perguntou Alessandro em disparada. Vânia não gostou do termo que ele usou.
__Fala mais alto, né Alessandro? Só vocês sabem disso. E o que você achou dela? –Perguntou, após processar a informação.
__A pessoa mais chique que eu já conheci.
__É, eu me lembro um pouco dela. Muito bonita. –Disse Babi.
__Galera, de que lado vocês estão? –Perguntou Vânia já se sentindo inferiorizada.
__Ah, Vânia. Você é a amante do cara e ainda quer se fazer de vítima?! –Reclamou Alessandro que não apoiava adultérios.
__Alessandro, se você me chamar de amante mais uma vez, vou lavar o chão com a sua cara.
__Mas você ta destruindo um casamento...! –Começou um bate boca entre os dois.
__Eu não tenho culpa de nada! Se não fosse comigo, seria com uma outra qualque, e...
__Como assim? -Desentendeu Alessandro. Só agora ela se deu conta da besteira que dissera; pois por pouco teria que explicar que Uziel queria trair a esposa com uma prostituta, que por coincidência, era a própria Vânia.
__Ei! -Carlos interrompeu, e ela deu graças a Deus. - Desse jeito o Hitler vai ouvir. Parem de brigar. –Mandou Carlos.
__Simone, depois a gente conversa, quando eu não tiver inimigos do lado. –Disse Vânia se afastando irritada com Alessandro.
__Tem gente que não gosta de ouvir a verdade.
__Pára, Alessandro. –Advertiu Babi.
Algumas horas depois, Vânia encontrou um momento de falar a sós com Simone no depósito.
__Amiga, por favor, eu quero que você descubra tudo sobre ela e me conte.
__Vânia, ela é minha psicóloga. Quem está lá para tirar informações é ela, e não eu.
__Simone, você é ou não é minha amiga? Você vai voltar lá esta semana.
__Eu ia nessa sexta-feira, mas ela vai viajar.
__Viajar? –Questionou Vânia. –Pra onde?
__Vânia, esquece esse homem. Ele é casado e a mulher dele me pareceu uma pessoa maravilhosa. Amiga, você só vai sofrer. Ouve o que eu tô te dizendo. –Simone saiu. Vânia ficou sozinha com seus pensamentos por alguns minutos.
Alessandro e Amoris chegaram à casa dele. Ele estava contando sobre a briga que tivera com Vânia. Queria que ela lhe desse razão.
__A vida é dela. Deixa ela destruir como quiser. Às vezes temos que deixar nossos amigos quebrarem a cara para aprender. Você é muito preocupado com os outros. –Disse Amoris olhando o apartamento dele. –Muito bonito seu apartamento.
__Obrigado. –Agradeceu ele, já voltando para o outro assunto. –Mas você não acha que eu fiz certo em dizer essas coisas à Vânia para que ela...
__Stop! Alessandro, você tá parecendo um homem velho repetindo a mesma coisa trocentas vezes. Vamos mudar de assunto... –Disse ela sentando-se sensualmente no sofá.
__Tá bom...! Você quer falar do quê? –Perguntou ele, com segundas intenções.
__Eu posso dormir aqui sexta, sábado e domingo? É que eu vou dedetizar minha casa e tenho que ficar fora por três dias. –Ele não estava esperando por isso. E de pronto não gostou da idéia. Achava que ainda estava muito cedo para ela ficar três dias seguidos em seu apartamento.
__Eu estava pensando em dormir com o Carlos esse fim de semana.
__Uau. –ela fez um tom desagradável.
__Pare com essa mente poluída. Não é nada disso. É que eu tenho que ajudar ele com esse lance das drogas. Ele pode voltar a usar a qualquer momento. Se ele ficar sozinho, vai acabar cheirando de novo.
__Baby love, você não poderá estar 24 horas ao lado de Carlos impedindo que ele cheire o que quer que seja. Todos nós vamos ajudá-lo da forma que podemos, but, pero, mas é ele que tem que fazer a escolha de parar. –Finalizou, dando o assunto por resolvido. Ela levantou do sofá e ficou fuçando os CDs dele. –Você escuta Thalia?! Isso não é meio gay? –Ela deu risada. – Kidding! Tô brincando.
__Cuidado para não tirar da ordem. –Pediu ele, já nervoso. Seus CDs eram sagrados.
Vânia e Uziel estavam mais uma vez na cama dela.
__Uzi, você vai viajar esse fim de semana? –Perguntou Vânia, alisando os cabelos negros do amante.
__Não, por quê?
__E sua esposa?
Ele a olhou surpreso.
__Vai, como você sabe?
__Eu não sei, só perguntei. Se ela vai viajar, nós dois bem que podíamos ficar na sua casa. –Ele deu um salto e a olhou sentado na cama.
__Você quer dormir comigo na cama da minha esposa?
Ela se sentou:
__Oras, e por que não? Eu tenho muita vontade de conhecer sua casa e dormir na cama que você dorme todos os dias.
__Não sei se é uma boa idéia -sorriu.
__Por que não? Ela vai estar viajando e nem vai ficar sabendo. –Vânia o abraçou pelas costas. –Se você deixar, eu prometo que faço o que você quiser. –Persuadiu, dando uma mordidinha na orelha do amante.
__Jura? –Uziel sentiu um arrepio. –Então ta certo.
O dia amanheceu, Alessandro chamou Carlos na loja para conversarem em um lugar mais afastado.
__Cara, você precisa me salvar. A Amoris quer dormir lá em casa três dias porque vai dedetizar a casa dela.
__Ótimo. Vocês vão poder curtir um monte. Manda ver e prova que nós não somos gays, viu?
__Não, cara. Presta atenção. A Amoris é virgem e só quer perder depois que casar.
__Virgem? –Perguntou ele sem acreditar.
__Não, ela é virgem mesmo. Ou seja, quer passar três dias lá em casa mexendo em todas as minhas coisas e ainda por cima não vai querer transar, então eu vou acabar enlouquecendo. Não sei do que posso ser capaz.
__E o que você quer que eu faça?
__Quero que você diga a ela que ta precisando de uma companhia para não cair na besteira de cheirar. –Carlos levantou a mão mandando ele parar.
__Eu não vou dar uma de viciado só porque você não quer receber a namorada cabeleireira virgem em sua casa por três dias.
__Falando assim, você parece o Caleb. Por favor, cara. Eu fico te devendo essa.
__Tudo bem. Mas que fique claro que eu não tô tentado a cheirar de novo, as drogas já estão fora da minha vida, nada de ficar tentando me vigiar.
__Pode deixar. Valeu, cara. –Disse Alessandro indo lhe dar um abraço de agradecimento.
__Sai pra lá, se afasta. Nossa fama já ta feia demais pra essas coisas.
Chegou a sexta-feira. A mulher de Uziel viajou, logo depois do trabalho, Vânia foi para a casa dele. Para fugir dos primos pentelhos que tinham se instalado na sua casa (e no seu quarto), Babi se ofereceu para passar o final de semana na casa de Simone, que aceitou de bom grado.
__Eu não confio muito no meu irmão com os meninos. –Disse Simone.
Alessandro e Carlos foram ao salão de Amoris para dar o anuncio.
__Amoris, eu não tô muito legal. Ainda tô meio tremendo sentindo falta das drogas e se eu ficar sozinho posso acabar cometendo uma besteira. Você podia liberar o Alessandro pra ficar comigo nesse fim de semana? –Pediu Carlos com Alessandro do lado.
__Eu queria muito que você ficasse lá, mas tá vendo aí? Ele tá precisando de alguém pra dar uma força. –Disse Alessandro. Amoris se aproximou segurando um secador.
__Quantos quartos tem mesmo o seu apartamento?
__Dois. –Respondeu Carlos, sem entender o porquê da pergunta.
__Vocês dois vão dividir um quarto e eu fico no outro, então. –Decidiu voltando à escova que estava prestes a terminar. Carlos e Alessandro se olharam.
__Faz alguma coisa. –Cochichou Alessandro.
__Como? –Perguntou Amoris se virando.
__Nada, não. –Disse Carlos sorrindo. –Eu vou amar ter vocês dois lá para me ajudar. – ironizou Carlos.
Babi chegou à casa da Simone por volta das 9 da noite. Thiago abriu a porta.
__Oi, eu sou o irmão da Simone. Ela disse que você viria. Ela teve que ir ao hospital, mas pode entrar. –Babi entrou com sua mochila nas costas. As crianças estavam bagunçando a sala.
__Obrigada. E as coisas aqui, estão muito ruins? Resolvi vir para dar uma força à Simone. Muita barra que ela ta passando.
__Nem me diga. Mas minha irmã é batalhadora. Assim como todo mundo da nossa família. –Babi concordou com uma certa incerteza.
__Você mora em Campinas, né? Ela comentou comigo. Você faz o quê lá?
__Eu? Nada. Fico dando trabalho a minha mãe - respondeu Thiago, e Babi riu.
__Não estuda?
__Terminei o terceiro ano e não conseguir passar nos vestibulares que eu fiz...
__Eu também não consegui! –Disse ela abertamente, encontrando algo em comum. –E isso é tão ruim né? Acho tão injusto esse sistema para ingressar numa faculdade no Brasil ... –E passou a dissertar o assunto.
Alessandro, Amoris e Carlos terminaram de comer já tarde da noite.
__Já estou com sono. Eu vou dormir. –Disse Amoris.
__Quer que eu fique no seu quarto até dormir? –Sugeriu Alessandro.
__Não, obrigada. Eu consigo dormir sem ter um orgasmo antes.
__Como você é maldosa.
__Eu sabia que esse namoro de vocês ia ser uma pataquada. –Disse Carlos.
__Eu estava louca quando comecei a namorar esse homem. Devia ter me lembrado que, do jeito que ele era desesperado, só iria pensar em sexo. –implicou Amoris, e Carlos deu risada. Ela foi para o seu quarto. –Não durmam muito juntos, tá? –Brincou, antes de desaparecer.
__Você vai dormir na sala, viu? –Avisou Carlos.
Simone voltou para sua casa no dia seguinte, exausta.
__Eu fiz uma comida. Achei que chegaria com fome. –Disse Babi.
__Oh, eu não sei nem como te agradecer. E me desculpa ter te deixado aqui sozinha. A mãe do Tito não melhorou e eu tive que ficar com eles.
__Não se preocupa. Foi divertido. Eu e seu irmão conversamos muito aqui. Ele é muito legal.
__Ah, sim. Cadê ele?
__Tá dormindo. É que ontem nós ficamos acordados até uma 4 da manhã.
__Fazendo o quê?
__Conversando.
As crianças acordaram e começaram a chamar pela mãe.
__Babi, você podia dar comida a eles e deixar eu tirar pelo menos um cochilo? Eu tô um caco. Juro que fico te devendo essa.
__Tá certo. Eu vou ver as crianças. –Simone foi dormir.
Uma hora depois, Thiago acordou sem camisa e saiu pela casa só de cueca.
__A Simone já chegou? –Perguntou ele, dando um susto em Babi.
__Já. –Respondeu sem graça. –Você anda só de cueca pela casa dos outros é?
__Costume meu.
Ela deu risada.
__Ah, toma vergonha. Veste alguma coisas, as crianças estão olhando.
__Tá bom. Mas eu tô na casa da minha irmã... –Disse ele coçando as axilas e indo para o quarto. Babi achou aquilo horrível, mas ao mesmo tempo ficou nervosa com a virilidade que aquela atitude primitiva causava.
Alessandro e Amoris namoravam no quarto de visita. O namoro estava esquentando até Carlos interromper.
__Vocês vieram me ajudar ou namorar? –Perguntou ele, pulando na cama entre os dois.
__Oh, Carlos. Logo agora que a coisa estava ficando boa. –Reclamou Alessandro, inconformado.
__Você estava com esperança de eu transar na cama dos outros, é? –Perguntou Amoris.
__Nunca se sabe... –Disse Alessandro.
__Não faria nem forçada.
__Mas nunca se sabe...-Repetiu Alessandro, mas Amoris ignorou.
__Se sujassem o lençol, vocês que iam lavar as manchas de sangue.
__Credo! Que coisa feia de se dizer, Carlos! –Brigou Amoris.
__Brincadeira. Eu vou deixar vocês aí e vou tirar um cochilo, que eu adoro dormir sábado à tarde. Fiquem à vontade. Podem sujar o lençol que eu não ligo. –Amoris jogou o travesseiro nele.
Vânia conheceu toda a casa de Uziel. Era um sonho. Imaginou que aquela casa seria sua, caso tivesse se casado. Foi aí que se sentiu deslocada, como se aquilo não lhe pertencesse.
Ele a carregou nos braços, até o quarto. Fizeram amor até o dia raiar.
Acordaram lá pelas 3 da tarde. Procuraram o que comer e ficaram petiscando alguma coisa.
__Eu ainda tô com fome. –Disse Vânia.
__Eu também. Me espera aqui que eu vou no mercado comprar umas coisinha pra gente. –Disse Uziel, dando-lhe um beijo e saindo. Vânia vestiu uma camisola e ficou na sala vendo uns álbuns de fotos que havia encontrada na estante. Ela ouviu a porta se abrir.
__Esqueceu alguma coisa, amor? –Perguntou ela abaixando o álbum.
__Vânia?! –Perguntou a doutora Renata ao vê-la em sua casa. –Eu sabia que era com você que meu marido estava me traindo.
Vânia ficou desesperada, não podia desafiar a dona da casa. Lembrou-se das palavras de Alessandro, sabia que estava errada, só lhe restara... correr!
__Volte aqui! –Gritou Renata, correndo atrás dela, que tentava fugir pela porta da cozinha. –Não fuja, sua descarada. –Vânia apertou o botão do elevador, Renata já vinha atrás, então ela correu para descer pelas escadas. –Não fuja de mim! –Gritou Renata, tentando alcançá-la, até cair da escada. Vânia olhou para trás e voltou para ajudá-la.
__Você está bem? –Pergunto,u preocupada. Renata não conseguiu responder, apenas chorou, tinha sangue no chão. –Eu vou chamar uma ambulância.
Tito chegou em casa dizendo que sua mãe estava morrendo.
__Eu vou tomar banho. Arrume as crianças, nós vamos ver mamãe. –Disse ele aflito.
__Babi, eu vou ter que ir para o hospital com eles. Você vai para sua casa? –Perguntou Simone.
__Não. Ela fica aqui comigo. –Disse Thiago.
__É, eu fico aqui com ele.
__Então ta bom. Vou preparar as crianças.
Assim que Tito tomou seu banho, ele, Simone e as crianças foram para o hospital.
__Coitado do Tito. Será que a mãe dele vai morrer? –Perguntou Babi.
__Se morrer, para minha irmã vai ser um alivio, ela não gosta da sogra. –Disse Thiago causando mais estranheza em Babi.
Simone chegou ao hospital e avistou Vânia, Alessandro, Amoris e Carlos.
__O que vocês estão fazendo aqui?
__A Vânia nos chamou. –Respondeu Carlos.
__A Renata me pegou na casa dela e caiu da escada –Disse Vânia chorando.
__Eu tenho que ficar com o Tito, mas...
__Vai, Simone. A gente tá cuidando dela. –Disse Amoris.
__Eu volto já. –Simone foi atrás do seu marido que estava com os filhos. Ela passou por Uziel, que estava indo falar com Vânia.
__Como ela está? –Perguntou ela, arrependida.
__Quebrou um dente, mas vai ficar bem.-Respondeu Uziel.
__Eu posso fazer alguma coisa?
__Você já fez demais. –disse Uziel com desprezo, voltando para sua esposa. Vânia chorou mais ainda.
__Sempre é assim. O marido sempre fica com a esposa. –Disse Alessandro.
__Ela não precisa disso agora, Alessandro. –Reclamou Amoris. Carlos a abraçou:
__Tudo vai ficar bem.
O telefone tocou, Thiago atendeu e depois desligou.
__Era a Simone dizendo que a sogra está agonizando, pode morrer a qualquer hora, então eles vão demorar muito.
__Então, acho que vou para casa. –Disse Babi que já não achava a companhia de Thiago tão agradável como antes.
__Calma. –Disse ele, pegando-a pelo braço e lhe roubando um beijo.
__O que você ta fazendo?! –Disse ela, afastando-o. –Eu vou pegar minhas coisas e vou embora. –Ela foi até o quarto, ele foi atrás dela e trancou o quarto. –Abre isso que eu vou embora.
__Pare de fazer charme. Eu sei que você também quer. –Babi começou a ficar apavorada, mais ainda quando ele partiu para cima dela, arrancando sua roupa. Ela começou a gritar, ele tapou-lhe a boca com um pano, abaixou suas calças e tentou penetrá-la. Ela tentava bater em Thiago com as pernas, não deixando o pênis entrar. –Pare, fique quieta! –Mandou Thiago com muito tesão, enquanto ela chorava. Houve um momento em que pareceu ter sido penetrada, ele perdeu mais a força, então ela conseguiu soltar seu braço e dar-lhe um murro, destrancou a porta e saiu correndo, ele tentou alcançá-la mais não conseguiu.
Babi ia andando pelas ruas desolada, chorando sem despertar a comoção de nenhum dos transeuntes.
Longe dali, Uziel passava a mão nos cabelos de Renata, pedindo desculpas. Igualmente sem rumo estava Vânia, que no momento deixava o hospital, consolada pelos amigos...
Ao chegar em casa, Carlos deixou os visitantes namorando no quarto de hóspedes, foi para seus aposentos, e cheirou um pouco da cocaína que havia comprado há dois dias.
Hospedar é uma arte, exige tempo e dedicação. Apesar de todos os trabalhos que se tem em hospedar uma pessoa, o pior mesmo é quando você não tem ninguém que queira se hospedar em sua casa. Como Daniel Caleb, que depois de tanta solidão acabou criando seu próprio visitante.
__Tá precisando de alguma coisa? –Perguntou Daniel em pé, frente ao sofá.
__Não, obrigado. Mas se tivesse uma loira seria bom. –Respondeu Daniel sentado no sofá.
__Eu tenho uma ex-namorada que é loira. Se eu chamar, ela pode vir e ficar com nós dois. –Disse Daniel novamente, em pé, frente ao sofá.
__E ela aguenta? - riu.
__Não tenho dúvdas.
__Uma suruba é uma bela forma de agradar um visitante. –Aceitou sentado no sofá.
__Então vou engolir o orgulho e vou voltar para aquela piranha. –Decidiu Daniel outra vez frente ao sofá. -Mas faço isso por você.
__És um verdadeiro lord.
Nossa última hospedagem não nos permitirá sentir alegria ou tristeza. A Dona Maria chegou em sua última hospedagem, e antes da partida final, lá estavam seus entes queridos dando o último adeus.
__A Vânia não quis vir? –Perguntou Simone olhando o caixão que em breve seria enterrado.
__Não. Ela não está se sentindo bem. –Respondeu Amoris.
__Pô, até o Caleb veio. –Cochichou Carla, e ele se aproximou dela.
__Preciso conversar com você agora. –Exigiu Daniel.
__Depois do enterro. –Disse Carla, pensando em adiar o máximo possível, pois imaginava estar prestes a ser mandada para fora da loja.
__Por que a Babi não veio também? –Perguntou Carlos a Simone.
__Não sei... Ela tava muito estranha. –Respondeu Simone. Thiago ouviu, e sentiu um suave arrepio.
NÃO PERCA
NA SEMANA QUE VEM
O ÚLTIMO CAPÍTULO DA TEMPORADA DE
O Contratador de Diamantes
NA SEMANA QUE VEM
O ÚLTIMO CAPÍTULO DA TEMPORADA DE
O Contratador de Diamantes
blogaritmox@gmail.com
Um comentário:
Olá!!! Ando sumido, mas com vontade de comentar. Deve ser complicado conseguir gravar com algum artista de fora. Se a Dulce conseguiu com o Akon, olha parabens!!! Gravar com a Britney? Putz, aquela mulher não grava com ninguém! Será? Caraca! Até Mais!
Postar um comentário