Mesmo não mencionando artistas como Akon, Ja Rule, P. Diddy, Alicia Keys, e Mariah Carey, outros expoentes do R&B contemporâneo, este trabalho mostrou a recente ascensão do R&B no topo da preferência americana, tomando um lugar que antes era do movimento teen pop – que não deixou de existir, porém com quase nada do poder que antes possuía. Hoje o teen pop é representado, basicamente, pelos grupos High School Musical (originado do filme homônimo produzido pelo Disney Channel Original Movies em 2006), e RBD (originado em 2004 no seriado mexicano Rebelde, do canal Televisa), sendo que este último vem apresentando crescente inspiração no R&B.
High School Musical e RBD são raros exemplos de artistas pop que alcançam vendagem igual ou superior à das teen bands da década de 1990. Porém, boatos sobre uma possível parceria com o Black Eyed Peas deixam clara a aproximação cada vez maior do grupo mexicano com o R&B.
O R&B, na forma que conhecemos hoje, devemos à década de 1980, embora muito se discuta sobre a sua área de atuação – por exemplo, uns dizem que não abrange o hip-hop, mas sim recebe dele influências; outros dizem que R&B é a manifestação contemporânea da música negra, que engloba ritmos que, se não são semelhantes por essência, aproximam-se por intenção do artista, que une vários ritmos num único trabalho, que acabamos por incluir no R&B de forma geral.
Um negócio rentável e dinâmico, o R&B é a catapulta que ajudou a projetar vários artistas em carreiras de repercussões astronômicas, e que ajudou outros artistas a reinventar suas carreiras de acordo com um estilo mais irreverente, feito para um tipo diferente de público. Mais um exemplo é a cantora Madonna, a artista feminina de maior sucesso de todos os tempos, que em seu próximo disco – produzido por Justin Timberlake em parceria com Timbaland – mergulhará intensamente no R&B, campo até então inexplorado pela cantora. Mas nada garante sua permanência nesse estilo. A decisão de Madonna foi no mínimo impressionante, já que seu elogiadíssimo último álbum Confessions on a Dance Floor a trouxe de volta ao topo das paradas com um estilo totalmente diferente, ligado à dance music, mais próximo do seu já conhecido pop que do R&B. Além de Madonna, Michael Jackson decidiu quebrar o jejum de seis anos afastado dos estúdios para lançar um disco inédito, que desta vez será produzido pelo rapper Kanye West e por Will.i.am, do Black Eyed Peas. A adesão desses artistas – ícones da música pop – ao R&B consolida a grande fase por que este estilo está passando, mesmo que eles não se estaquem na nova carreira e que sua passagem não dure mais que um disco. A decisão pode depender dos fãs, o que pode ser complicado no caso desses dois artistas, que contam com um público cativo há décadas, que pode estranhar essa nova fase – porém, é certo que os fãs do R&B irão recebê-los de braços abertos.
Os fãs de Rhythm and Blues podem ser encontrados tantos nos guetos americanos quanto nas mansões luxuosas em condomínios fechados. E os artistas produzem para todos os públicos sem distinção; a aceitação é igual.
O cenário musical norte-americano sempre abriu espaço para o R&B, que nos últimos anos vem também preenchendo a lacuna deixada pela impotência do movimento teen pop. Por conseqüência, o mundo vem conhecendo um pouco mais da cultura de raízes nos guetos americanos, com tanto magnetismo, tanta lucratividade, e tanta integração.
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