O
anúncio feito na Comic-Con, de que o próximo filme da DC reunirá pela
primeira vez Batman e Superman nas telonas, vem bastante a calhar com a
última parte da Maratona Superman, que começamos na semana passada em
homenagem à estreia de O Homem de Aço.
Durante todas essas postagens, o nosso foco sempre passou por Smallville, a última e melhor representação da história de Clark Kent em uma série de TV.
Muitos nem imaginam que, por pouco, a história não era outra. Você vai
descobrir que os dois heróis tem muito mais em comum do que a cueca que
utilizam sobre o uniforme.
Em um universo paralelo, nós estaríamos aqui relembrando "Bruce Wayne", e Smallville sequer existiria.
Isso porque o plano inicial da Warner era fazer uma série do Batman. O
título seria "Bruce Wayne", e narraria a juventude do bilionário maroto
até ele finalmente se tornar o Homem-Morcego. Seu melhor amigo, Harvey
Dent, no futuro se tornaria um de seus maiores adversários: o
Duas-Caras.
Percebem as semelhanças com Smallville e a relação
Clark/Lex? As semelhanças nem param por aí: Harvey Dent seria
interpretado pelo próprio Michael Rosenbaum, que viria a arrasar no
papel de Luthor.
Por que "Bruce Wayne" não foi adiante? Bom,
como tudo que envolve a DC Comics, os planos de produzir a série
esbarraram em vários obstáculos. O maior deles foi o desentendimento
entre a divisão de TV da Warner, que queria que a série fosse feita, e a
sua divisão de filmes, que queria voltar a investir no Batman em uma
nova franquia de blockbusters. Adivinha quem venceu.
Como a
divisão de filmes não queria concorrência com uma série de TV, a ideia
de "Bruce Wayne" foi enterrada. O plano B da divisão de TV da Warner foi
produzir uma série sobre a juventude do Superman, o que não parece ter
sido tão complicado, até porque Clark Kent é um velho conhecido das
telinhas; e pouco tempo antes, em 1997 — lembrando que estamos por volta
de 1999, no campo das ideias, antes do que culminaria na estreia de
Smallville em 2001 — o canal ABC exibia o último episódio de "Lois &
Clark: As novas aventuras do Superman". Outras passagens do último
filho de Krypton na TV se deram em "Superboy" (1988–1992) e "Adventures
of Superman" (1952–1958), marcada pela morte do protagonista George
Reeves, que teria se suicidado.
Já o Batman tem uma história
menos glamourosa na TV. Até hoje, a única versão em carne e osso do
morcegão foi retratada na psicodélica série dos anos 60, estrelada por
Adam West. Houve uma série antes disso, em 1943, mas foi exibida nos
cinemas (15 capítulos no total).
A nova versão, a que não deu
certo, contaria com Shawn Ashmore no papel do Batman. Hoje ele está em
The Following e o seu irmão gêmeo Aaron viveu um Jimmy Olsen em
Smallville.
Foi uma decisão de Alfred Gough e Miles Millar,
criadores de Smallville, que o seu Clark não voaria ou vestiria seu
uniforme (coisas que ele só fez de verdade, por miseráveis segundos, na
series finale). Isso não foi visto como um problema pela Warner, já que
não divergia muito do que eles haviam planejado para "Bruce Wayne".
Vamos combinar que Smallville, apesar dos seus erros, deixou um legado
mais positivo do que negativo. E os filmes do Batman do Christopher
Nolan dispensam comentários. O final da história agradou a ambos os
lados, no final das contas.
Demorou, mas os destinos de Clark e
Bruce finalmente se encontrarão no cinema. Em Smallville, eles chegaram
a se cruzar, mas infelizmente a série não foi capaz de televisionar
isso. O encontro dos dois se deu no que eles chamaram de "11ª temporada"
de Smallville, produzida apenas nos quadrinhos — onde tudo é mais fácil
de acontecer.
Há muita
expectativa em torno do filme da LJA, que deve estrear em... só Deus sabe. Dá pra
se perguntar: por que nunca pensaram nisso antes? Qual é a dificuldade?
Sim, parece que foi preciso o grande sucesso de Os Vingadores para dar
ao pessoal da Warner e da DC aquele choque de realidade: é preciso fazer
um filme da Liga da Justiça. E que seja bom.
As tentativas de
reunir os maiores heróis da DC em uma única produção esbarram em muitas
dificuldades, muitas delas causadas pela burocracia que é conseguir
fazer alguma coisa com eles. Por essas e outras, Smallville não
conseguiu inserir figurões como o Batman ou a Mulher Maravilha em sua
mitologia. Os heróis da Liga que deram as caras foram muito poucos.
Os membros da Liga da Justiça de Smallville começaram a aparecer na 4ª
temporada, cada um em um episódio. Sua primeira aparição como um grupo
foi em "Justice", na 6ª temporada. Os principais integrantes são: Clark
Kent, Bart Allen (Flash), Oliver Queen (Arqueiro Verde), Arthur Curry
(Aquaman), e Victor Stone (Cyborg).
Mesmo sem se
auto-proclamarem "membros da Liga da Justiça" e de nunca terem estado
todos reunidos em um único episódio, o time montado por Smallville foi
recebendo reforços: Dinah Lance (Canário Negro), Chloe
Sullivan, John Jones (Marciano), Carter Hall (Gavião Negro), Courtney
Whitmore (Stargirl), Kara (Supergirl), Michael Jon Carter (Gladiador
Dourado), e Tess Mercer
Foi uma tentativa bastante válida de Smallville, e diria até positiva —
apesar dos uniformes carnavalescos e do baixo orçamento da série,
principalmente por ser do CW. Quer dizer, olhe para a foto acima e
repare nas roupas dos heróis. Tá na cara que eles consultaram a mesma
figurinista e que o Clark é um dorme-sujo, pois passou mil episódios com
essa mesma roupa.
Diria que foi a melhor Liga da Justiça em live action que tivemos até agora.
Em 1997, a CBS produziu um telefilme intitulado "Justice League of
America", provavelmente o piloto de uma série que não ganhou a encomenda
de novos episódios. Porque foi uma patacoada tão ruim, mas tão
patética, que sequer foi ao ar nos EUA. No filme — e lá vêm a burocracia
da DC de novo —, o membro mais conhecido da Liga é o Flash, seguido do
Lanterna Verde. O líder é o John Jones, Marciano. E no final das contas,
os heróis que ficaram de fora do projeto devem ter dado graças a Deus
por não terem se prestado a tal papel. O filme é paupérrimo, seja em
roteiro, atuações, figurino ou produção. Conseguiu falhar em tudo.
Em termos de bizarrice, o telefilme fica emparelhado com Legends of the
Superheroes, especial da NBC produzido na década de 1970. Pra começar,
foi estrelado pelo Adam West e seu Batman, verdadeiro ímã de coisas
trash (e bota trash nisso). O Superman, mais uma vez, ficou de fora. Mas
o Lanterna Verde estava lá, também!
O pobre Lanterna Verde é
que não dá sorte... Esteve tanto no especial da NBC quanto no telefilme
da CBS. Nem no filme de 2011 ele conseguiu lavar a alma. Alguém de carne
e osso precisa salvar a honra do Lanterna urgentemente.
Tomara que essa redenção venha no filme da Liga da Justiça, cujo pontapé inicial foi dado este ano com O Homem de Aço.
A DC, só agora, resolveu organizar os livros na mesa e montar uma linha
coesa de filmes, e esperamos que consigam. A única coisa a se lamentar é
que, provavelmente, não teremos o Christian Bale interpretando o Batman
— a trilogia de Christopher Nolan foi considerada muito "fechada" para
comportar uma ramificação que a conectasse à Liga da Justiça que eles
querem criar. Ao que parece, é este Superman que deu início a tudo,
inspirando outros vigilantes a vestirem a capa (ou não) e lutarem por
justiça. Espero que isso não se confirme e que Bale possa, sim, viver o
morcegão na Liga que está se formando.
Tess
Mercer foi a solução encontrada pelos produtores de Smallville para
preencer o enorme vazio deixado pela saída do Lex — coisa que eles eles
não conseguiram, aliás.
Contudo, de alguma forma que até hoje eu não consigo entender, fiquei
apaixonado pela Tess. E as cenas dela com a Lois? Eram perfeitas! As
duas se detestavam, e isso tornava a interação delas ainda melhor.
O que mais me impressionou na Tess foi que ela conseguiu em poucos
episódios algo que até o próprio Lex Luthor demorou anos para conseguir:
descobriu o segredo do Clark. Assim. Fácil, rápido, tranquilo, tava
tudo ali. Sorte que ela fez bom uso dessa descoberta.
De
personalidade ambígua, Tess Mercer comandou a Luthorcorp com
austeridade, pero sin perder la ternura jamás. Tornou-se oficialmente
uma aliada na 10ª temporada.
Tess seria o ship perfeito para o Oliver Queen, mas uma coisa foi levando à outra e ele ficou com a Chloe.
No final descobrimos que ela era, na verdade, uma filha perdida do
Lionel, Lutessa Lena Luthor. Não dá para afirmar com clareza se isso já
estava previsto desde a concepção da personagem. Afinal, o nome dela
pode ser entendido como uma adaptação de duas personagens das HQs, Eve
Teschmacher e Mercy Graves, ambas ligadas ao Lex (a quem Tess Mercer
veio substituir no final das contas), portanto essa versão faz sentido.
Por outro lado, o nome e a personagem Lena Luthor já existia nos
quadrinhos, só não sei quanto ao "Lutessa". Pode ser, por que não, mais
uma tentativa de Smallville de forçar a barra criando explicações super
mirabolantes e desconexas, além de desnecessárias.
Infelizmente, Tess foi morta pelo Lex na series finale. Só não foi pior
porque a série já estava acabando mesmo, mas não precisava daquilo. Tess
e Lois foram a melhor coisa de Smallville em seus últimos dias. Podiam
ter tido um pouco mais de consideração.
Se tem alguma coisa que faz Smallville valer a pena, sem dúvida, foi esse presente lindo que a série nos deu: a Chloe.
O que era aquele sorriso? E aquele olhar? E as investigações que ela fazia? E as cenas com o Lionel Luthor? É muito amor!
Condenada à friendzone pelo Clark, Chloe sofreu calada durante anos.
Ela, assim como a Lana, não sabia do segredo de Clark no início. E como
ela resolveu isso? Investigando como se deve e não sendo uma pentelha,
ao contrário da Lana.
Desde o início acompanhamos a sua
evolução , cujo ápice se deu quando ela virou repórter do Planeta Diário
— nada mais coerente, né? Ela estava, simplesmente, onde deveria estar.
Estava tudo perfeito!
Pergunta: Sendo assim, os produtores de
Smallville decidiram fazer o certo: deixar a Chloe no Planeta Diário.
Isso é normal, né? Resposta da Dira Paes: Não, o normal é fazer cocô.
E foi o que Smallville fez. Deixaram que a Chloe fosse demitida do
jornal e nunca mais voltasse. E o que a Chloe fez? Aceitou isso! E pior:
pra virar babá do Clark! Ela deixou de ser aquela Chloe esperta, sagaz,
com um faro jornalístico super aguçado, e cheia de personalidade.
Simplesmente esvaziou-se.
E pensar que meu episódio preferido
de Smallville é "Blank" (S04E19) aquele em que a Chloe, finalmente, tem a
tão esperada confirmação das suas suspeitas sobre os poderes do Clark.
Ao perceber que o amigo estava desmemoriado, ela ficou o tempo todo ao
seu lado, e ele, inconscientemente, confiou nela.
Mal sabia eu o quanto iria me arrepender de ter vibrado quando ela desvendou os segredos do Clark.
Nas últimas temporadas, Chloe havia desenvolvido uma inteligência fora
do comum — ela descobriu ter sido afetada pela chuva de meteoros. Com
isso, ela achou que seria mais útil sendo uma espécie de secretária do
Clark, ou uma babá, ou seja lá o que fosse, mas aos poucos ela foi
deixando de ser a Chloe. E eu dizia aos produtores: o que vocês estão
fazendo, seus monstros?? Parem com isso! Devolvam a minha Chloe!
Mas eles não me ouviram.
Para que ela não acabasse sozinha, pelo menos, o jeito foi torcer pelo
ship Chloe + Oliver, mesmo sabendo que os dois não tinham lá tanta
química assim. Ambos eram carismáticos e o público queria que os dois
fossem felizes, mas não tinha aquela faísca entre eles. Eles juntos, era
apenas melhor do que nada.
A personagem, criada especialmente
para a série, agradou tanto que em 2010 foi promovida às HQs,
tornando-se de uma vez por todas uma parte da história do Superman. Como
a continuidade dos quadrinhos é completamente diferente daquela de
Smallville, eles tiveram que adaptar muita coisa para encaixar a Chloe.
Por exemplo, seu par romântico não é o Oliver, mas o Jimmy Olsen — como
realmente "aconteceu" na série.
Além do Clark, Chloe foi a
única que esteve presente em todas as temporadas. E, até a 10ª (em que
ela deixou de ser fixa), havia participado de todos os episódios.
This little bitch só causou problema em Smallville. Se estou exagerando?
... Sim, estou exagerando. Mas por uma boa causa. A Lana nos deixou na
dúvida algumas vezes, mas era uma personagem do bem, apesar de ser bem
pentelha quando queria.
Lana pode não ser a sessão da tarde,
mas colocou o Clark em altas confusões. Muitas delas pelo fato de que
ela não podia saber a verdade sobre ele. Ou melhor, ela até podia, mas
a) o Clark não queria contar, e b) ela não aceitava isso.
Esse
vai-e-vem de Lana e Clark acabou ficando muuuito chato e repetitivo.
Alguma vez você já parou pra contar as vezes em que ouviu algo do tipo
"I was trying to protect you" ou "blá blá blá my secret"?
Ainda mais sabendo que, no final das contas, Lana e Clark podiam ter a
química mais explosiva que fosse, eles tinham data certa para acabar. E
de um jeito que ficasse claro, para que no coração de Clark só coubesse a
Lois. Como tem que ser. Afinal, Smallville pode até ter tido carta
branca, mas há coisas que nem eles podiam fazer. Colocar o Lex como
mocinho? Tá, por certo tempo sim, vocês podem. Colocar a Lana como
grande amor do Clark? Ok, pode ser, mas olhe lá como vocês vão fazer
isso. Diminuir o amor de Clark por Lois, quando os dois viessem a ficar
juntos? Não, aí não. Calmaê.
O jeito que eles encontraram para
separar definitivamente o casal foi contaminando a Lana com kryptonita,
tornando impossível a aproximação deles dois, amor impossível zzZZzzZz
Erica Durance (Smallville) x Amy Adams (O Homem de Aço)
Defina Lois Lane em uma palavra: ♥ Defina Lois Lane em duas palavras: ♥♥
Defina Lois Lane em uma frase: ♥♥♥, ♥♥.
Confesso a vocês: tenho uma queda por "Loises". Isso começou com a Erica Durance em Smallville.
Quando fiquei sabendo que iam inserir a personagem na série, a primeira
coisa que eu perguntei foi: ma oe? Eles estão fumando orégano? Isso não
vai dar certo.
Que bom que eu errei! Porque, com o passar dos
episódios, a Lois se tornou um ponto de apoio pra mim. Por mais que eu
ficasse decepcionado com Smallville, a Lois sempre me confortava.
Não procuremos coerência na aparição precoce da Lois em "Pequenópolis",
porque Smallville tinha uma espécie de carta branca para criar a sua
própria versão da mitologia do Superman. Falhou em alguns pontos, mas
nos deixou um legado importante. Um desses tesouros é a Lois Lane e sua
prima, a Chloe. Da qual falaremos em breve.
O romance Clark e
Lana foi, em Smallville, longe até demais. Chegou a um ponto em que
pensávamos: e a Lois, onde entra nesse coraçãozinho kryptoniano? Eis que
a Lana (também falaremos dela) se tornou uma personagem tão chata que
abriu, ela mesma, caminho para a sua maior "rival".
E, como eu
disse, acabei criando essa queda pela personagem Lois Lane. Amy Adams,
em "O Homem de Aço", se destacou. Não era para comparar, mas já
comparando, à Lois dela faltou um pouco de profundidade, com relação à
de Smallville (por mil razões, muitas delas justificáveis, eu sei). O
trabalho dela como atriz, contudo, foi o melhor possível. A cena dela
com o Superman na sala de interrogatório foi uma das minhas favoritas no
filme.
Quem diria que a Amy, uma legítima princesa Disney, se
sairia bem num papel tão diferente do perfil "mocinha de comédia
romântica".
Ainda falta algumas postagens para encerrar o Especial Smallville, mas como hoje o dia todo foi de tributos ao Cory
Monteith na internet, da minha parte, gostaria de encerrar as minhas homenagens a
ele fazendo uma conexão com Smallville.
Até o maior fã do Cory teria dificuldade de lembrar, mas ele já fez uma
participação na série. Foi no episódio "Thirst" (S05E05), em que a Lana
vira uma vampira. Cory fez uma ponta insignificante, mas fica aqui o
registro.
Cory Allan Michael Monteith está longe de ser
comparado a algum tipo de super-herói; foi um ser humano que fez algumas
escolhas erradas, infelizmente. Durante a juventude, ele foi um rapaz
problemático, chegando a cometer pequenos roubos, sem falar nas drogas,
que ele conheceu ainda criança (e que o levaram à morte, no final das
contas). Sua primeira internação em uma clínica de reabilitação foi aos
19 anos.
Como tudo na vida, a rebeldia de Cory tinha uma
explicação. Ao que parece, ele não absorveu muito bem o divórcio dos
pais. Só ele sabe o que passou.
Depois da primeira internação,
ele resolveu dar um rumo à vida. Foi motorista de ônibus escolar,
garçom, até que foi convencido a entrar num curso de teatro. Aos poucos a
carreira de ator foi engatinhando, com ele fazendo pequenas
participações em séries (como Smallville), ganhou personagens maiores
(Kyle XY e Kaya, série da MTV que só teve uma temporada), até que em
2009 o sucesso finalmente veio: Finn Hudson, em Glee.
Aqui tem
um vídeo (na verdade uma edição bem tosca) do episódio de Smallville em
que ele aparece. Avance para o instante 01:25.
Justin Hartley (Smallville) x Stephen Amell (Arrow)
Um
dos principais personagens das últimas temporadas de Smallville, Oliver
Queen, o Arqueiro Verde, ganhou uma série para chamar de sua em 2012.
Justin
Hartley chegou a ser cotado para estrelar a série, que seria uma spinoff
de Smallville. O CW não queria largar de vez o mundo dos quadrinhos,
pois Smallville era uma de suas principais audiências, além de gerar
altos lucros com a venda de DVDs e distribuição para outros países.
Contudo, para não criar muitas comparações entre as duas séries,
resolveram contar do zero uma nova versão da história do Arqueiro Verde.
Hartley disse que, por respeito aos fãs de Smallville, ele não topou
interpretar o Oliver novamente.
O curioso é que Justin chegou a estrelar um piloto de Aquaman,
no papel-título, antes de chegar a Smallville. Como a série não foi
adiante, em 2006 ele se juntou a Tom Welling nas aventuras do Superboy.
Em razão da estreia do filme O Homem de Aço na sexta-feira passada (12/07/13),
o Superman virou um dos principais assuntos da semana.
Até pouco tempo
atrás, os fãs de séries tinham a sua própria versão da história do
último filho de Krypton: Smallville — velha conhecida nossa, que ficou 10 anos no ar.
Em razão disso, o Blogaritmox preparou uma maratona de postagens sobre Smallville/Superman, que publiquei também na página do Facebook A Série é Legal, Mas. Espero que gostem!
Parte 1: Clark
Tom Welling (Smallville) x Henry Cavill (O Homem de Aço)?
Atenção: não estamos escolhendo o mais bonito, pfvr. Falem do ator e do personagem que cada um interpretou.
Minha opinião: Henry Cavill, disparado.
Particularmente não gosto do Tom Welling. Acho que em 10 anos de
Smallville ele poderia ter dado muito mais de si. Chegou um momento em
que ele ficou engessado.
Também, o Clark de Smallville foi um
belo de um ba-na-na (favor ler na voz do virj do comercial da open
english). Trabalhar no Planeta Diário sem óculos foi um dos vacilos que
mais me angustiaram na série. Além disso, ele passou preciosos episódios
se dedicando à carreira de Borrão, que todos já sabíamos que não iria
levar a nada.
Já no Homem de Aço, o Clark foge do bom-mocismo
forçado. É um personagem que não tem o mesmo passado turbulento da sua
versão seriada, que viveu mil aventuras na adolescência. Esse Clark
parece ter tido uma juventude marcada mais por conflitos pessoais do que
por batalhas com "freaks" infectados por kryptonita.
Em fevereiro a Tichina Arnold esteve no Brasil. Eu me encontrei com ela no saguão do hotel onde ela se hospedou em Salvador, e tivemos uma longa e divertida conversa.
Tichina, como vocês todos sabem, é a atriz que interpreta a Rochelle Rock em Todo mundo odeia o Chris. Em janeiro ela anunciou que estava vindo ao Brasil para agradecer o carinho de seus muitos fãs brasileiros, e sua equipe fez até um vídeo promocional, para destacar a sua enorme fama em terras brasileiras. Neste vídeo, aparece em destaque uma foto do nosso eternamente lembrado Especial Todo mundo odeia o Chris. Para assistir, clique aqui e avance para o instante 1:21.
O encontro foi informal, não levei nada mais do que o iPod, o que ajudou apenas na hora de tirar fotos (e a câmera, por sinal, é bem ruinzinha). Pois é, eu fui assim, desprevenido... Vou tentar reproduzir a nossa conversa da melhor forma possível, embora resumidamente!
Quando cheguei no hotel, encontrei Mable Ivory, uma das produtoras da atriz, e que a acompanhava na viagem ao lado de Latrice Horper. Apesar de estadunidense, Mable fala português quase fluentemente (herança de um namorado brasileiro). Me identifiquei como fã e dono deste blog, e solicitei uma audiência com a sra. Arnold. Bastante solícita, Mable informou que Tichina estava no quarto se arrumando, mas já estava descendo.
Pouco tempo depois, o grande momento: Tichina chegara ao saguão. Sorridente, ela se sentou ao meu lado e conversamos por mais de uma hora. Conosco estavam Mable Ivory, Latrice Horper, e um jornalista do site Correio Nagô, que acompanhou passagem da atriz pela Bahia.
Tichina Arnold estava impressionada com o sucesso de sua personagem Rochelle no Brasil: "Qual é o seu momento preferido da Tichina na série?", quis saber Latrice Horper. Quando eu respondi que era essa cena aqui, Tichina riu bastante: "Eu só assisti a esse episódio algumas semanas atrás. Eu não me lembrava!". Eu perguntei se ela não sentiu pena do Tyler (o Chris), e ela: "Não, ele aguenta" (risos) "Há mais alguma coisa da Rochelle que vocês aqui gostam?" Eu disse a ela que a tirada "Eu não preciso disso, meu marido tem dois empregos" é a inspiração de muitas piadas entre nós, brasileiros, que curtimos muito o bordão. Satisfeita, Tichina riu um bocado.
"É você que tem um perfil falso da Rochelle no Twitter?", Tichina me perguntou. Ao ouvir a minha resposta negativa, ela se mostrou curiosa: "Ele tem mais seguidores do que eu!".
Tichina Arnold e eu gritando: CHRIS!
"Fico feliz que a série faça tanto sucesso no Brasil, vocês são muito calorosos, um povo muito feliz e adorável". Questionada sobre o seu novo trabalho, ela chegou a ficar impressionada. Em Happily Divorced, atualmente em sua 2ª temporada, Tichina interpreta Jud, melhor amiga da protagonista Fran (Fran Lovett). Ela sabe que a série não é exibida no Brasil em canal aberto (apenas no pequeno canal Comedy Central, que ainda não é muito famoso por aqui), e se surpreendeu por eu ter conhecimentod a série "Pois é", disse ela. "É um programa muito engraçado que estou adorando fazer, as pessoas [do elenco] são muito engraçadas e talentosas".
Perguntei se ela já tinha falado com a Record, e Tichina confirmou: "Sim, eles falaram comigo". ela concedeu uma entrevista à Record Bahia, afiliada da emissora no estado.
Como já disse, a conversa foi longa, com a participação de todos os que estavam sentados à mesa. Tiramos várias fotos, a maioria delas com a câmera da equipe de Tichina. Como eu não sou menino amarelo, assim que me despedi eu solicitei à atriz que me concedesse uma segunda entrevista, por e-mail, e Latrice foi logo puxando um cartão de sua bolsa: "Escreva para nós quando quiser! Gostaria que todos os fãs fossem assim, como você".
Pois bem, marotos, eu mandei o e-mail com as perguntas, e recebi um e-mail da assessoria acusando recebimento, e prometendo o envio das respostas "o mais breve possível". Faz umas três semanas já...
As fotos que tiramos com a câmera delas eu já não tenho mais esperanças de receber, eu já recebi!
Se vamos ter uma segunda entrevista, eu não posso garantir. Mas elas prometeram, e artista não mente, né?
Dos atores que já tiveram papéis importantes em House e saíram antes de a série terminar, nenhum ficou parado. Cada um saiu por razões diferentes, e acabaram ganhando espaço (papéis fixos ou recorrentes) em outras séries, como você vai ver a seguir.
Lisa Edelstein (Cuddy)
Participação em: The Good Wife
Função: Convidada para atuar em um arco de episódios
Vamos começar pelo que esta lista tem de melhor. Lisa Edelstein, como todos sabem, deixou House em decorrência de uma disputa salarial. Os olhos de lince dos produtores de The Good Wife não quiseram deixar essa passar, e convidaram a atriz para atuar em um arco de episódios, como a advogada Celeste Serano. Diferente da Dra. Cuddy, que respeitava os limites da ética, Celeste é uma profissional rasteira e articuladora. Não chega a ser uma vilã, mas tem os próprios objetivos como prioridade, de tal forma que para alcançá-los ela se utilize de certos artifícios fora do politicamente correto.
Aqui, o trabalho de Lisa Edelstein foi digno dos melhores elogios, e é uma pena que sua personagem não tenha sido promovida ao elenco fixo da série. Infelizmente, a sua personagem sumiu e não foi mais vista...
Em 2012 ela fez uma participação na primeira temporada de Elementary, a nova série americana de Sherlock Holmes (aquela em que o Watson é uma mulher, a Lucy Liu). Lisa esteve no 7º episódio,
"One Way to Get Off".
Sela Ward (Stacy Warner)
Participação em: CSI: Nova York
Função: Protagonista
A trajetória de Sela Ward em House foi curta, mas porque desde o início era assim que estava planejado. Stacy tem um papel fundamental na série, principalmente para entendermos o protagonista, toda a angústia que ele carrega dentro de si -- seja pela perna danificada (catalisador da maioria dos seus problemas, como o vício em Vicodin), seja pela dor de ter perdido a mulher que ele mais amou. Sua última aparição foi no episódio "Need to know", da 2ª temporada (2006).
Os holofotes de House, que na época explodia na tevê estadunidense, ajudaram a colocar Sela Ward ainda mais em evidência. Tanto que, só em 2010 ela ingressou no elenco de CSI: NY, e ainda era lembrada pelo seu papel no drama médico da Fox.
Kal Penn (Kutner)
Participação em: How I met your mother
Função: Convidado para atuar em um arco de episódios
Na 7ª temporada, finalmente How I met your mother reecontrou o seu ritmo, voltando a nos trazer episódios cheios de piadas inteligentes, apesar das inevitáveis barrigas que acompanham a série desde o nascimento (e que está no próprio título). A única espinha no rosto adolescente da comédia da CBS, nesses dias, atendia pelo nome de Kal Penn. Ele esteve péssimo como o terapeuta Kevin.
Em House, isso não acontecia. Pelo contrário. O boa-praça Dr. Kutner, sempre otimista, tinha carisma. O que não falar da surpresa que foi para o público descobrir, no episódio "Simple Explanation" (5ª temporada, 2009), que o personagem havia se suicidado.
A partipação de Kal Penn em House foi curtíssima, não chegou a durar duas temporadas. Isso porque o ator pediu para se afastar da série para poder trabalhar no governo Obama. Recentemente ele se afastou do cargo, e voltou a atuar. Pessimamente.
Jennifer Morrison (Kutner)
Participação em How I met your mother: Convidada
Participação em Once upon a time: Protagonista
Assim que deixou House, Jennifer fez uma longa participação em How I met your mother, como uma das muitas namoradas de Ted, mas que não eram o amor de sua vida, a mulher com quem se casou e teve filhos. Em outubro de 2010, estreou em Once upon a time, drama baseado nos contos de fadas, exibido pelo canal ABC. A série tem recebido, em geral, boas críticas do público. Eu não curti muito não.
Em edição publicada em março deste ano, a revista Veja reconheceu que House, MD ajudou a estabelecer um novo padrão de excelência nos seriados estadunidenses atuais.
Não é exagero: podemos encontrar em pelo menos duas séries alguns indícios de inspiração em House, ou no seu sucesso. São elas The Mentalist (CBS) e Lie to me (Fox), esta última já cancelada. Se as suas tramas não se assemelham ao drama médico de David Shore, elas partem de uma premissa que é a verdadeira filosofia de vida do Dr. Gregory House: todo mundo mente. E a partir daí, cada série se aprofunda no tema ao seu jeito.
House estreou em novembro de 2004 nos EUA, com uma média aproximada de seis milhões de telespectadores nos primeiros sete episódios, e a partir disso a sua audiência dobrou. Até o final da temporada, aquele número tinha triplicado. A primeira season finale teve 19.52 milhões de telespectadores ao vivo.
Hoje, porém, a realidade é outra. O tal padrão de excelência sempre continuou presente nos roteiros, mas o público não reagiu bem a determinadas decisões que afetaram a série nos últimos anos. Com isso, nas derradeiras temporadas, a audiência voltou àqueles patamares dos sete primeiros episódios, exibidos naquele longínquo ano de 2004, quando o público ainda não conhecia a série e todo o seu potencial. E para House, uma produção que já chegou a conquistar fáceis 20 milhões de telespectadoresem sua melhor fase, os números só poderiam apontar uma coisa: o inevitável cancelamento. Que foi confirmado no início de 2011, e não teve volta.
David Shore, em declarações recentes, afirmou que tinha interesse em continuar com o seriado, caso fosse interesse da Fox e da Universal (que produz os episódios). Caso isso não fosse possível, tudo o que ele pediu foi que o destino da série fosse decidido a tempo, para a trama ser conduzida a um final coerente, diferente do que marcou a saída da personagem Cuddy, no final da 7ª temporada. A atriz Lisa Edelstein não renovou o seu contrato e sua personagem, uma das protagonistas, sumiu no mundo. Shore não quis que isso se repitisse com a série.
Hugh Laurie também se mexeu: ciente de que esta poderia ser a última temporada do trabalho que marcou a sua carreira, ele já vinha planejando o seu futuro. “Presumindo que House seja cancelada, espero não cair morto. A série me deu experiência. Estou um pouco mais confiante hoje do que quando comecei”, declarou em entrevista em novembro deste ano. Não há, por parte dele, interesse em continuar atuando. “Não sou mais um produto desejável para a TV. Acho que ela me mimou demais”. Laurie entende que não conseguirá ter a mesma sorte de conseguir outro personagem tão impactante, mas também não quer distância da televisão: ele pode emplacar um novo seriado na NBC futuramente, no papel do pirata Barba Negra.
Como alternativa, o ator/escritor/diretor/cantor planeja passar a maior parte dos seus dias fazendo o que mais ama: é um desejo forte seu viver da música. Ano passado, ele lançou o seu primeiro álbum de jazz e blues, Let them talk. “Se a gravadora tiver interesse, estou pronto para o segundo”. Ele é respnsável pela voz, piano e pela guitarra.
Em 2010, um anúncio de 30 segundos no intervalo de House custava US$ 226.180,00. Como de lá pra cá o seriado vem perdendo audiência, não sabemos a quantas anda esse valor nos dias de hoje. Clique aqui e reveja a matéria completa.
A edição 2012 do Guinnes -- Livro dos Recordes consolidou a popularidade de House, que ainda é a série mais assistida do mundo: é vista por mais de 82 milhões de pessoas em 66 países. Lamentavelmente, esse fato foi não suficiente para evitar o cancelamento.
Encerraremos nesta postagem o Especial Ed Wood: O pior diretor de todos os tempos. As partes 1 e 2 você pode conferir clicando, respectivamente, aqui e aqui. .
Conforme já narramos, em 1994 o cineasta Tim Burton trouxe para o cinema a sua visão da história de Ed Wood, que foi interpretado por Johnny Depp. O filme fez sucesso e recebeu excelente avaliação da crítica, tendo levado diversos prêmios, inclusive 2 Oscar: Melhor Maquiagem e Melhor Ator Coadjuvante para Martin Landau, que viveu brilhantemente o papel de Bela Lugosi. .
Foi, entretanto, a única vez em que sucesso, prêmios e Ed Wood estiveram presentes na mesma frase. .
O filme de Tim Burton teve um final feliz (seguido de uma breve narração contando os finais dos principais personagens). Na última cena, Ed Wood (Depp) sai do cinema extasiado após a estreia de Plano 9 do Espaço Sideral, acompanhado da namorada Kathy O'Hara (Patricia Arquette). Wood está tão feliz, tão realizado, que pede Kathy em casamento. The End. .
Infelizmente, na vida real não houve um felizes para sempre. .
Wood e Kathy realmente formaram um casal perfeito. Casaram-se em 1959 e nunca mais se separaram. E foi a única coisa que realmente deu certo em sua vida desde então. . Os últimos anos da vida de Edward foram marcados pela decadência. .
Numa postagem mais antiga, que escrevi numa época em que sequer sabia da existência de Ed Wood, mencionei que a melhor volta por cima é a de
quem nunca esteve por baixo. O que dizer, a contrario sensu, da queda de quem jamais esteve por cima? .
Foi o que aconteceu com ele: a famosa cavadinha de quem já está no fundo do poço. Seus filmes jamais lhe abriram as portas para o mainstream, pois não alcançaram público nem repercussão para isso. Ed Wood, mesmo com alguns filmes lançados, permaneceu um ninguém, um pobre diabo. Sem esperança, sem currículo e sem oportunidades, ele começou a lançar filmes apelativos, abusando de cenas sensuais. Foi a alternativa que ele encontrou para colocar comida na mesa. .
Em 1965 ele estreou Orgy of the dead, seu primeiro filme com apelo erótico. E não parou por aí. .
Veja abaixo uma imagem da sua participação (travestido) em The Love Feast, soft-porn escrito e dirigido por ele em 1969. Para você ver o nível da humilhação a que se submeteu o diretor que um dia sonhou ser o novo Orson Welles. .
Nada é tão ruim que não possa piorar
.
No ano seguinte (1970), Ed Wood lançaria Take It Out in Trade, seu primeiro filme inteiramente pornográfico. Estrelado por ele próprio -- como sempre fez quando tinha que economizar com atores. Assim como outros títulos da filmografia do cineasta, Take It Out in Trade é um filme perdido. Tudo o que foi encontrado são cenas de making of, sem áudio, mas que ainda assim foram lançadas em vídeo com o título Take It Out in Trade: The Outtakes. .
Já não havia mais em seu coração qualquer esperança de que os seus sonhos de ser um grande cineasta fossem se concretizar. Com isso, ele continuou lançando os seus filmes, publicando seus romances, até que faleceu em 1978, com apenas 54 anos, vítima de um ataque cardíaco. Conta-se que Ed estava assistindo tevê no quarto, quando gritou para a esposa "Kathy, não estou conseguindo respirar!". Ela, que estava na sala, não deu ouvidos porque Wood costumava fazer esse tipo de brincadeira. Ela só o encontrou 90 minutos depois, mas ele já estava morto. Kathy O'hara faleceu em 2006, aos 84 anos, sem jamais ter se casado com outro homem. .
Confesso que conhecer esses pormenores da vida de Ed Wood me deixou meio perturbado... Na quinta-feira, que foi quando eu escrevi o primeiro post e metade do segundo, eu tive pesadelos pela primeira vez em muito tempo. Não por alguma influência daqueles três filmes que abordamos (esses não assustam nada). Mas pelo rumo que as coisas tomaram. O que me motivou a fazer esse Especial foi apenas falar do cara que conseguiu a proeza de fazer dois dos piores filmes da História. Aí eu descobri que existia até um filme falando sobre ele, e conforme fui me aprofundando na pesquisa, fui ficando cada vez mais impressionado. .
É muito triste saber que um jovem com tantos sonhos terminou dessa maneira. Quando vi a imagem dele em The Love Feast (aquela com a coleira, que postamos acima), eu quase chorei. Tudo bem que ele não tinha talento, seus filmes eram ruins; inclusive esse é só o meu ponto de vista (hoje ele tem inúmeros admiradores). Mas ele tinha ambição! Ele queria ser alguém. Assim como eu quero ser alguém, e certamente você também. E tudo o que Ed fez, tudo o que ele batalhou, o amor que ele colocava em tudo o que fazia... Nada! Não serviu de nada. E o fracasso o acompanhou por toda a vida. Um guerreiro. Um perdedor. .
É triste, Ed. É muito triste.. .
..
.
.
..
A partir daqui, é vida que segue. Como já dito, Ed Wood é hoje um artista cultuado, com direito até
a um premiado filme retratando a sua vida. Para mim já é um conforto... mas
para ele não.
Ed Wood no intervalo das filmagens
de Glen or Glenda
Seguimos no Blogaritmox contando a vocês a incrível história de Ed Wood, o pior diretor de todos os tempos. Link para a Parte 1: Clique aqui. .
Na "primeira metade" da sua carreira, digamos assim, Wood tentou deixar a sua marca e seguir os passos do seu grande ídolo Orson Welles (cineasta cuja obra mais marcante é Cidadão Kane). No filme Ed Wood (1994), o diretor Tim Burton retrata bem isso e dá até uma fantasiada na coisa, inventando que Ed teria encontrado o seu ídolo por acaso em um bar, onde Welles teria lhe passado uma forte mensagem motivacional. Bem, na vida real os dois jamais se encontraram. .
Acho que nesta primeira fase, nenhum filme de Wood conseguirá ser tão ruim quanto Glen or Glenda. Os dois outros filmes que ele produziu com Bela Lugosi no elenco são mais leves, apesar de terem uma pegada de terror. É que Glen or Glenda, na pretensão de chocar a sociedade, tocar o público na alma e arrancar-lhe lágrimas, fracassou miseravelmente em tudo o que se propôs e o resultado foi simplesmente constrangedor. .
Pelo menos você já pode ficar tranquilo, porque até aqui nada pode piorar. O bicho vai pegar amanhã, quando contarmos sobre os anos finais de Ed Wood. Por enquanto, fique com os seus outros dois filmes da Era Lugosi, cujos bastidores são intrigantes. .
..a
. BRIDE OF THE MONSTER (1955)
.
Aqui, Ed Wood quis trabalhar com a sua
verdadeira paixão (uma das): os filmes de terror. O lançamento por outro lado, foi um verdadeiro
parto. ..
A falta de investidores tornava inviável a produção do filme. Sem 60 mil dólares, o projeto não se concretizaria. . .Por acaso, Wood encontrou Loretta King e a convenceu a bancar o filme. Em troca, a jovem pediu o papel de Janet Lawton, simplesmente a mocinha da história, e que estava reservado para DoloresFuller. O filme Ed Wood (1994)
dá a entender que ela jamais aceitou ter sido preterida, mas fontes
próximas à atriz, que faleceu apenas em 2011, contam que ela jamais
guardou mágoa. Criticou a personagem construída por Sarah Jessica Parker (que a interpretou no longa), mas aprovou a produção em geral. . .Mas
a ajuda de Loretta não era suficiente. Ela entrou apenas com US$ 300, e
imaginou ter deixado claro para Wood que não poderia dar mais do que
isso. Com o mal-entendido, o diretor teve que correr atrás de
investidores mais uma vez. O único que topou entrar com a grana fez duas
exigências: que o seu filho fosse incluído no elenco, e que o filme
terminasse com uma grande explosão. No roteiro idealizado por Wood,
terminaria com o personagem de Lugosi morrendo no lago após uma luta com
um polvo gigante. "Not anymore", diz o empresário. E o filme realmente acaba com uma explosão. . .O mais engraçado na história de Bride of the Monster envolve justamente o tal do polvo gigante. Diz a lenda que Wood e sua equipe roubaram o item dos estúdios em que foi gravado o filme Wake of the Red Witch (No rastro do Bruxa Vermelha), de 1948. Mas na hora de fugir, eles esqueceram de levar o motor
que fazia o boneco se mexer. Por isso, a cena da luta do dublê de
Lugosi com o polvo saiu uma coisa absurdamente tosca: era o próprio ator
que se intrincava com o animal, se enrolando nos tentáculos, e o pior:
perdendo a briga. . .E é antes de filmar essa cena que Bela
Lugosi tem uma crise existencial (segundo narra Tim Burton), e revela
que recusou o papel do Monstro de Frankenstein, por não considerá-lo digno de um ator como ele. O papel acabou parando nas mãos de Boris Karloff, seu maior rival. E agora ele, que se recusou a estrelar Frankenstein,
estava ali prestes a se engalfinhar com um boneco que nem motor tinha.
Na vida real, provavelmente essa cena jamais ocorreu (ou não teria
ocorrido como conta o filme de 1994), porque tudo indica que Bela Lugosi
sequer filmou tal cena, e sim um dublê, como dito no parágrafo
anterior. ..
Todavia, se essa cena não ocorreu, esse pensamento
com certeza passou pela cabeça de Lugosi, um ator de renome, tendo que
encerrar a sua carreira em filmes tão pobres de tudo. . . .
PLAN 9 FROM OUTER SPACE (1959)
. Plano 9 do Espaço Sideral era para ter sido o Cidadão Kane de Ed Wood. Não foi, e pelos dois motivos que você já conhece: ele não tinha nem talento nem investidores para alcançar isso. .
Não dá simplesmente para ignorar a existência desse filme, não só pela sua produção paupérrima e história sofrível. Veja o motivo: Bela Lugosi, estrela do filme, estava mortoantes mesmo de o longa começar a produzido. É isso mesmo! Bela estrelou o filme mas não atuou nele! .
Lugosi, que era dependente químico e tinha a saúde debilitada, acabou falecendo em 1956, aos 73 anos, vítima de um ataque cardíaco. Em 1959 (ou seja, três anos depois) Ed Wood idealizou, produziu e lançou Plan 9 from Outer Space. .
Agora sim, pode perguntar: pode isso, Arnaldo? Se pode, COMO pode?
.
Como Wood não podia abrir mão de sua grande estrela, o que ele fez foi o seguinte: utilizou materiais antigos que tinha filmado com Lugosi, e incluiu no filme. Obviamente, só com aquele material não daria para se fazer muita coisa, afinal não dava para construir uma história em torno de poucos minutos de filme, nos quais estava ninguém menos do que a própria estrela do filme. Para preencher esse buraco, Wood escalou um outro ator (na verdade, o quiroprata de sua mulher) para atuar como se Lugosi fosse. . Tom Mason, o tal quiroprata, não era exatamente um sósia de Bela Lugosi. Por isso, sempre que ele aparecia em cena, era assim: .
Com uma capa lhe cobrindo o rosto.
.
Maila Nurmi ou Vampira (1922-2008)
Segundo o filme de Tim Burton, para produzir Plano 9do Espaço Sideral, Wood conseguiu o investimento com representantes da Igreja Batista. Como não poderia deixar de ser, os religiosos estranharam a temática do filme (que envolvia mortos-vivos e extraterrestres) e começaram a dar pitacos que irritaram bastante o diretor. .
E quando ficou pronta, a obra-prima de Ed Wood também recebeu uma chuva de críticas negativas e subiu ao rol de outro dos piores filmes da História.
Do elenco, dentre outros nomes, estava uma atriz chamada Vampira (nascida Maila Nurmi), ex-apresentadora de The Vampira Show, um programa de terror na tevê que ficou no ar durante apenas uma temporada, e 1954 a 1955. Como só era exibido ao vivo e restrito à região de Los Angeles, conta-se que não existe nenhum material desse programa (além deste vídeo). O visual de Vampira foi inspirado na Mortícia da Família Addams. Para aceitar o convite para atuar no filme, a atriz sugeriu que a sua personagem fosse muda. E assim foi. .
Outro que merece atenção, figurinha repetida dos filmes de Ed Wood, é o ex-lutador Tor Johnson. Diferentemente do que o filme de Tim Burton dá a entender, Tor não foi descoberto por Ed Wood. Antes de atuar em Bride of the Monster e em Plan 9, o ex-wrestler já possuía uma carreira mais extensa do que o próprio Wood, tendo atuado em mais de 20 produções. Mas sobre Tor Johnson, nada é tão interessante quanto a informação a seguir: foi em uma expressão facial medonha que ele fazia, que os estadunidenses se inspiraram para decorar as lanternas de abóbora do dia das bruxas. Veja só: .
Essa expressão asquerosa de Tor Johnson inspirou as abóboras do Halloween!
The Amazing Criswell
Para dar um tom mais assustador ao filme, Wood escalou o seu amigo Criswell (1907 – 1982) para ser o narrador de Plano 9do Espaço Sideral. Criswell era um vidente de araque que gozava até de certo prestígio. Autor de várias previsões absurdas (dentre elas, a de que o mundo acabaria em 1999), ele realmente acreditava que os alienígenas iriam invadir a Terra em um futuro próximo, e que os acontecimentos narrados em Plan 9 realmente iriam acontecer; era uma mera questão de tempo! .
Nós encerramos esta postagem convidando você a acompanhar a parte final, em que contaremos como se deu o fim da carreira natimorta de Ed Wood. Não perca!
.
PLANO 9 DO ESPAÇO SIDERAL | PLAN 9 FROM OUTER SPACE
Sabe quando você está pesquisando sobre as cinco divisões da floresta ombrófila densa, e termina vendo vídeos da posse de Mohammed Ould Abdelaziz em 2009? .
Pois foi assim que ontem eu acabei descobrindo Ed Wood, apontado por muitos como o pior diretor de todos os tempos. E hoje eu acabei pesquisando um pouco sobre a sua história. É algo tão fascinante que eu não podia deixar de compartilhar com vocês. .
O mesmo pensou o cineasta Tim Burton, que em 1994 lançou o longa Ed Wood, com Johnny Depp no papel-título. Como manda o figurino, a "biografia" narra alguns fatos da vida de Wood, mas abusando da licença poética, afinal não se tratava de um documentário. . Edward Davis Wood, Jr. (1924 – 1978) defendeu os EUA na II Guerra Mudial e sofreu algumas sequelas: perdeu vários dentes (tinha que usar próteses) e teve uma perna quase desfigurada. Como diretor, realmente não tinha talento. Criativo, ambicioso, mas um pouco infeliz em suas realizações, ele jamais conheceu o sucesso. As histórias que aqui contamos contam como fonte o filme de Tim Burton, mas vamos procurar retratar apenas os fatos que realmente aconteceram. . . . GLEN OR GLENDA (1953): O PRIMEIRO DE MUITOS FIASCOS .
Sua primeira grande chance foi com o projeto trash "I changed my sex", baseado na história de Christine Jorgensen, que virou mulher após se submeter a uma inédita cirurgia de mudança de sexo. Porém, Jorgesen ficou vislumbrada com a repercussão que um jornal havia dado à notícia de que o filme seria produzido, e teve que ser afastada por querer exigir um valor estratosférico para o estúdio.. .
O projeto despertou o interesse do jovem Wood por diversos motivos. Primeiro, porque seria a sua grande chance de debutar no cinema, mesmo sendo um projeto trash e de baixo custo. E segundo, porque a temática o tocava profundamente: para tentar convencer o produtor de que seria perfeito para assumir o projeto, Wood acabou assumindo que ele próprio era um crossdresser – gostava de se vestir de mulher, apesar de não ser gay. .
O filme de Tim Burton conta que a saída do armário não foi suficiente para convencer o produtor a entregar-lhe o projeto. Faltava alguma coisa. .
E é aí que entra Bela Lugosi, a alma gêmea de Ed Wood. Mas não é o casal Ed e Bela que vocês estão pensando. Muito pelo contrário. Até envolve vampiros, mas os de verdade... Afinal, estamos falando do Drácula himself. Quer mais vampiro que isso? .
Explico: Bela Lugosi (1882 – 1956) foi um grande ator húngaro, que ficou famoso por ter interpretado o Drácula no filme homônimo de 1931. No início da década de 1950, sua carreira estava em plena decadência, e foi quando ele e Wood se conheceram. Ed viu em Lugosi uma grande oportunidade de convencer o produtor a lhe confiar a direção de "I changed my sex": era um nome de peso, e uma mão-de-obra barata (recebeu apenas mil dólares pelo trabalho). Estivesse no auge, Bela jamais teria aceitado atuar em uma produção tão tosca, muito menos por um valor tão baixo. .
Mas o que o ex-vampirão tinha a ver com a história? Rigorosamente, nada. Foi incluído na base da forçação de barra. Seu personagem era um narrador cuja função seria "controlar os personagens como marionetes". O importante era ele estar lá. E ele aceitou, prontamente. .
Aí nasceu a história do filme, ainda traria mais peculiaridades: no papel principal, ninguém menos do que o próprio Ed Wood, interpretando o crossdresser Glen/Glenda. Como uma autobiografia estrelada por ele mesmo.. .
(esquerda-direita) Bela Lugosi, Dolores Fuller e Ed
Você poderia se perguntar: Se o projeto se chamava "I changed my sex", como explicar que Glen não passava de um crossdresser? Isso certamente passou pela cabeça do produtor, que não gostou nada dessa história. Wood, na maior cara de pau, tentou justificar colocando uma história paralela, praticamente um segundo filme, contando uma história envolvendo mudança de sexo, lá no final. E o filme poderia tranquilamente se chamar Glen or Glenda, que todos ficariam felizes. .
Lançado em 1953, Glen or Glenda foi avacalhado pela crítica. É considerado até hoje um dos piores filmes da História. Na época, até Charlie Chaplin tirou uma lasquinha desse fiasco no filme Um rei em Nova York (1957), em que o seu personagem assiste ao trailer de Man or Woman?, parodiando a obra de Ed. .
No elenco estava também Dolores Fuller, na época namorada de Wood, e que basicamente interpretou a si própria naquela autobiografia. Os dois se separaram em meados da década de 1950. Longe do ex, ela alcançou relativo sucesso, trabalhando na TV e até como compositora de Elvis Presley, para quem escreveu músicas como Do the clam e Rock a hula, baby. .
Como esta postagem estava ficando muito longa, eu resolvi dividi-la para continuar posteriormente. Talvez até mesmo amanhã. Fiquem ligados, pois a história de Ed Wood é muito interessante e assim como eu você vai adorar conhecê-lo!
GLEN OR GLENDA | FILME COMPLETO LEGENDADO EM ESPANHOL • O QUE É MELHOR DO QUE NADA
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