sábado, setembro 15, 2012

Ed Wood: O pior diretor de todos os tempos | Final

Encerraremos nesta postagem o Especial Ed Wood: O pior diretor de todos os tempos. As partes 1 e 2 você pode conferir clicando, respectivamente, aqui e aqui.
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Conforme já narramos, em 1994 o cineasta Tim Burton trouxe para o cinema a sua visão da história de Ed Wood, que foi interpretado por Johnny Depp. O filme fez sucesso e recebeu excelente avaliação da crítica, tendo levado diversos prêmios, inclusive 2 Oscar: Melhor Maquiagem e Melhor Ator Coadjuvante para Martin Landau, que viveu brilhantemente o papel de Bela Lugosi.
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Foi, entretanto, a única vez em que sucesso, prêmios e Ed Wood estiveram presentes na mesma frase.
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O filme de Tim Burton teve um final feliz (seguido de uma breve narração contando os finais dos principais personagens). Na última cena, Ed Wood (Depp) sai do cinema extasiado após a estreia de Plano 9 do Espaço Sideral, acompanhado da namorada Kathy O'Hara (Patricia Arquette). Wood está tão feliz, tão realizado, que pede Kathy em casamento. The End.
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Infelizmente, na vida real não houve um felizes para sempre.
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Wood e Kathy realmente formaram um casal perfeito. Casaram-se em 1959 e nunca mais se separaram. E foi a única coisa que realmente deu certo em sua vida desde então.
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Os últimos anos da vida de Edward foram marcados pela decadência. 
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Numa postagem mais antiga, que escrevi numa época em que sequer sabia da existência de Ed Wood, mencionei que a melhor volta por cima é a de quem nunca esteve por baixo. O que dizer, a contrario sensu, da queda de quem jamais esteve por cima? 
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Foi o que aconteceu com ele: a famosa cavadinha de quem já está no fundo do poço. Seus filmes jamais lhe abriram as portas para o mainstream, pois não alcançaram público nem repercussão para isso. Ed Wood, mesmo com alguns filmes lançados, permaneceu um ninguém, um pobre diabo. Sem esperança, sem currículo e sem oportunidades, ele começou a lançar filmes apelativos, abusando de cenas sensuais. Foi a alternativa que ele encontrou para colocar comida na mesa.
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Em 1965 ele estreou Orgy of the dead, seu primeiro filme com apelo erótico. E não parou por aí.
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Veja abaixo uma imagem da sua participação (travestido) em The Love Feast, soft-porn escrito e dirigido por ele em 1969. Para você ver o nível da humilhação a que se submeteu o diretor que um dia sonhou ser o novo Orson Welles.
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Nada é tão ruim que não possa piorar
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No ano seguinte (1970), Ed Wood lançaria Take It Out in Trade, seu primeiro filme inteiramente pornográfico. Estrelado por ele próprio -- como sempre fez quando tinha que economizar com atores. Assim como outros títulos da filmografia do cineasta, Take It Out in Trade é um filme perdido. Tudo o que foi encontrado são cenas de making of, sem áudio, mas que ainda assim foram lançadas em vídeo com o título Take It Out in Trade: The Outtakes.
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Já não havia mais em seu coração qualquer esperança de que os seus sonhos de ser um grande cineasta fossem se concretizar. Com isso, ele continuou lançando os seus filmes, publicando seus romances, até que faleceu em 1978, com apenas 54 anos, vítima de um ataque cardíaco. Conta-se que Ed estava assistindo tevê no quarto, quando gritou para a esposa "Kathy, não estou conseguindo respirar!". Ela, que estava na sala, não deu ouvidos porque Wood costumava fazer esse tipo de brincadeira. Ela só o encontrou 90 minutos depois, mas ele já estava morto. Kathy O'hara faleceu em 2006, aos 84 anos, sem jamais ter se casado com outro homem.
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Confesso que conhecer esses pormenores da vida de Ed Wood me deixou meio perturbado... Na quinta-feira, que foi quando eu escrevi o primeiro post e metade do segundo, eu tive pesadelos pela primeira vez em muito tempo. Não por alguma influência daqueles três filmes que abordamos (esses não assustam nada). Mas pelo rumo que as coisas tomaram. O que me motivou a fazer esse Especial foi apenas falar do cara que conseguiu a proeza de fazer dois dos piores filmes da História. Aí eu descobri que existia até um filme falando sobre ele, e conforme fui me aprofundando na pesquisa, fui ficando cada vez mais impressionado.
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É muito triste saber que um jovem com tantos sonhos terminou dessa maneira. Quando vi a imagem dele em The Love Feast (aquela com a coleira, que postamos acima), eu quase chorei. Tudo bem que ele não tinha talento, seus filmes eram ruins; inclusive esse é só o meu ponto de vista (hoje ele tem inúmeros admiradores). Mas ele tinha ambição! Ele queria ser alguém. Assim como eu quero ser alguém, e certamente você também. E tudo o que Ed fez, tudo o que ele batalhou, o amor que ele colocava em tudo o que fazia... Nada! Não serviu de nada. E o fracasso o acompanhou por toda a vida. Um guerreiro. Um perdedor.
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É triste, Ed. É muito triste..
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A partir daqui, é vida que segue. Como já dito, Ed Wood é hoje um artista cultuado, com direito até a um premiado filme retratando a sua vida. Para mim já é um conforto... mas para ele não.

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Um comentário:

Alan Raspante disse...

Antes mesmo de ter lido a parte final, quando parei na imagem dele "atuando" neste soft-porn, eu também quase chorei. Como você mesmo disse, ele pode ter feito filmes ruins, mas é também pelo fato de ninguém ter acreditado nele. Ao menos, ele tentou...

O especial ficou realmente ótimo! Tá de parabéns, como sempre!

"Blog de humor e fantasia, criado para fins de entretenimento, apenas. As informações e opiniões aqui contidas podem não corresponder à realidade. Se você se ofendeu com alguma postagem, certamente a mesma se trata uma ficção que deve ser imediatamente desconsiderada, e não levada a sério"
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