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Astro de 24 Horas, Kiefer Sutherland marcou presença no excelente episódio "The Falcon and the D'ohman" |
Mais uma vez, o alvo da questão é uma disputa contratual entre a Fox e os atores. Este ano, a inflexibilidade da emissora acabou por desconstruir o elenco de House, outra de suas séries mais famosas e lucrativas, culminando na conturbada saída de Lisa Edelstein, uma das protagonistas.
A Fox exige um corte de gastos na produção de Os Simpsons, o que logo de cara implicaria numa redução salarial. O valor mais alto que se paga nesta série é US$ 400.000 por episódio -- um valor até justo, considerando o alto valor comercial que possui a animação de Matt Groening. Muitas séries de menor relevância cultural pagam valores até maiores aos seus protagonistas. A facada é que em Os Simpsons, este supersalário é pago a vários dubladores, a saber: Dan Castellaneta (Homer), Julie Kavner (Marge); Nancy Cartwright (Bart), Yeardley Smith (Lisa), Hank Azaria (Moe), e Harry Shearer (Mr. Burns).
Se o salário é exorbitante, temos também que ter em vista que todos os dubladores, além de talentosos, emprestam suas vozes a vários personagens. A única exceção é Yeardley Smith, que só trabalha com a Lisa.
E a Fox diz estar seriamente disposta a cancelar a série caso os atores não aceitem o corte salarial imposto. Diz que vai lamentar muito caso isso aconteça, mas que não há outra alternativa. Veja o que consta no comunicado emitido pelo canal: “Com 23 temporadas, Os Simpsons é uma série criativamente vibrante e amada por milhões de pessoas no mundo todo. Acreditamos que esta brilhante produção pode e deve continuar. Mas nós não podemos manter a produção de novas temporadas sob os termos financeiros do contrato atual. Temos esperanças de que chegaremos a um acordo com o elenco de vozes de Os Simpsons para que possamos continuar entretendo o público com episódios originais por muitos anos ainda”.
A jornanista Fernanda Furquim, blogueira da Veja, traz maiores detalhes: “Ao longo dos anos, os atores vêm exigindo participação no lucro da venda da série para reprises, mercado internacional e produtos agregados. Algo que o estúdio se recusa a negociar, preferindo restringir a compensação dos atores ao salário pago por episódio. A única compensação residual que será paga aos atores será aquela determinada pelo Sindicato, que é inferior ao valor normalmente negociado entre as partes. De acordo com a publicação, os únicos que recebem participação nos lucros da série são seus produtores”.
Nestas 23 temporadas, Os Simpsons já nos presenteou episódios que são verdadeiros tesouros; e outros, especialmente nos últimos 12 anos, de qualidade questionável. Nos últimos anos, a crítica não pôde deixar de notar o desgaste nos roteiros, o que até justificaria o cancelamento -- ou melhor, um ponto final digno. Da segunda metade da jornada do seriado, eu só acompanhei alguns episódios soltos.
Assisti à última season première "The Falcon and the D'ohman", e posso afirmar que fiquei agradavelmente surpreso. Li os comentários de alguns jornalistas e notei que muitos desaprovaram; eu particularmente não entendi o porquê, pois o episódio é óptimo e me desculpem, eu sei reconhecer um bom momento dos Simpsons quando vejo. Acho que, da safra atual, não será sempre que encontraremos episódios tão inspirados, mas para uma série de tamanha relevância mundial e que precisa existir, é bom que as temporadas não adotem um sistema puramente fordista, e se preocupem com a qualidade.
A audiência de Os Simpsons pode não ser a ideal -- para os padrões estadunidenses, seria na casa dos 10 milhões de telespectadores --, mas também não é desprezível. "The Falcon and the D'ohman", por exemplo, alcançou média de 8.08 milhões de telespectadores. Atualmente o desenho é exibido em mais de 100 países.
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Um comentário:
acho que já chegou a hora. afinal, se eles reprisasem tudo desde o começo... nossa, tem muita coisa!
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