Não dá pra fechar os olhos para as implicações da vitória de Marcelo Dourado no BBB10. Mais de 150 milhões de votos não podem ser ignorados - o lutador obteve 60% deles. Recorde mundial da franquia! E olha que a a grande maioria dos artistas, dos Twitters e dos jornalistas da rede estavam contra ele. Luciano Huck, dono do Twitter mais influente do Brasil, deu suas cutucadas, e nem isso foi capaz de frear a fúria dourada. Isso prova, Silvio Santos, que quando o povo quer o povo vota.
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No Troféu Imprensa, o coitado do vocalista da banda Fresno fez o Homem repensar o sistema de votação pela internet: eu tenho uma comunidade no Orkut, eu tenho um Twitter, meus fãs votam em mim. E isso não reflete a opinião do público, certo? Errado. Ou não. Os fãs do Fresno foram os que se interessaram em votar. Se os fãs dos demais concorretes tivessem o mesmo interesse ou iniciativa, teriam mudado esse quadro. Afinal, a votação é aberta para todos, sem privilégios.
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E foi assim que se deu o desfecho deste Big Brother Brasil 10. As opiniões de Dourado o tornaram porta-voz de muita gente que, malditos tempos modernos, já não podem exteriorizar o próprio preconceito. Era tanto sentimento acumulado, que sem querer o participante ajudou a romper as barreiras do preconceito, passando agora para a homofobia propriamente dita.
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Dourado ganhou, apesar dos comentários infelizes, muitos até oriundos de uma ignorância quadrúpede. Preconceito ele tinha mesmo, mas o tal do pré-conceito, presente nos discursos mais chatos que circulam por aí. Homofobia ele provou não ter; fobia é um sufixo sério. E ele não é obrigado a gostar de ninguém. Os homossexuais se sentiam diretamente representados por Sérgio e Dicésar? Lá dentro, eles eram caricaturas. Aqui fora também. Um pouco afetados demais, e para um cara preconceituoso como Dourado, foi difícil a convivência. Mesmo assim ele aprendeu a respeitar aqueles verdadeiros personagens; mais tarde, as diferenças entre eles não teriam nada a ver com opção sexual, mas com afinidade mesmo, ou barreiras da convivência imposta pelo jogo.
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Pra começar, Marcelo teve a sorte de encontrar Joseane em seu caminho; eles sequer participaram da mesma edição. Casca-grossa, chorou e fez amigos. E inimigos, mas o que o público viu foi a sua capacidade de demonstrar emoções, de ser querido por alguém. Lia e Cadu foram decisivos, apesar de não serem o melhor grupo do mundo. Dourado chegou a afirmar que considera Cadu um irmão.
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Dourado deixou de ganhar 500 mil reais em 2004 (era o prêmio na época) para ganhar o triplo em 2010. No BBB4 ele nem foi tão longe; se envolveu com Juliana, mas o fim do romance repercutiu mal para ele, já que a moça era uma das favoritas a vencer. Este ano, tudo esteve ao seu favor, e ele soube aproveitar com muita perspicácia. Ao contrário do anti-herói, foi um anti-vilão. O Brasil comprou seus defeitos, e muitos transformaram em qualidades, o porta-voz do lado "nazista" de alguns brasileiros (apesar de o lutador não ser adepto da idologia, até que se prove o contrário). Seria assim se um racista carismático estivesse no páreo: talvez ele não vencesse, mas traria à tona muitos simpatizantes adormecidos.
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O que vale é a opinião do povo. O orgulho hétero votou em Fernanda, em Cadu, no Dourado amadurecido, que demonstrou ser avesso a tudo o que se pintou sobre ele. A vergonha hétero votou na imagem que se criou em cima das confusões comportamentais de Dourado. Pode ter sido assim, pode não ter sido, mas no fim das contas, cada um votou em quem quis, e por aí vai.
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Audiência da grande final do BBB 10: 39,5 pontos de média. Maior ibope da edição.
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Agora já chega, acabou o Big Brother!
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Um comentário:
Ano que vem tem mais.
Atualmente prefiro nem opiniar sobre o que achava/acho do Dourado, bem melhor deixar as pessoas que o odeiam/amam se matarem sozinhos.
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