Com a estreia de Lado a Lado, a Globo realiza uma façanha histórica: todas as suas novelas inéditas são comandadas por jovens autores. O único caso peculiar é João Emanuel Carneiro, que não é estreante, mas em compensação é uma das grandes revelações da nova geração de novelistas da Globo (que não poderia entregar o horário das oito, o mais importante da televisão brasileira, a um iniciante). Assim, respeitadas essas proporções, estamos diante de um momento único na televisão brasileira.
De João Ximenes Braga e Claudia Lage, Lado a Lado marcou apenas 18 pontos em seu primeiro capítulo. O menor índice já registrado por uma estreia na Globo, segundo dizem. O desconto que tem que ser dado é que a Globo cometeu a insanidade de lançar a novela em plena campanha eleitoral, que causa impacto negativo nas audiências das emissoras.
Trata-se de uma novela de época, como a Globo tanto gosta de fazer, mas teve que dar um freio depois que o público do horário se cansou desse tipo de trama. Do pouco que vi, Marjorie Estiano foi o grande destaque. Até as falas mais simples ela consegue dar com toda graciosidade. É uma das minhas atrizes favoritas e é sempre um prazer vê-la no ar.
Não cheguei a ver nem um capítulo inteiro, mas do pouco que vi, dava pra constatar muito didatismo no texto dos autores, o que atrapalha a fluidez das cenas e dos diálogos. Isso dá pra ser corrigido.
Patrícia Pillar emenda a sua segunda vilã consecutiva. Seu último papel na TV foi como a Flora de A Favorita (2008-2009). Sua atual personagem é uma baronesa que, até pelo horário, não vai cometer as mesmas atrocidades que Flora. Suas maldades devem se concentrar mais na questão do racismo (que não era crime naquela época), e em atrapalhar a vida da filha. Esperamos que ela repita o bom desempenho que a consagrou em sua última aparição nas novelas.
Diferentemente de novelas que lhe antecederam, Lado a Lado não é de época por acaso. A década selecionada para ambientar a trama foi criteriosamente bem escolhida, e participa ativamente das questões que movimentam as tramas: o Rio de Janeiro início do século XX ainda tentava se habituar à ideia dos escravos livres, a própria geografia da cidade perpassa por esse contexto histórico, e também o Carnaval dá os seus primeiros passos. Tudo isso promete ser retratado em Lado a Lado, dando aos autores uma vasta possibilidade de histórias para contar. Só não precisa ser uma aula de História.
Novela vai retratar as primeiras ressacas de Carnaval |
Um comentário:
Nós, do Grupo Foliões, de São Luís, muito nos orgulhamos de ter participado das gravações dessa obra-prima que foi a novela Lado a Lado. Dias jubilosos de festiva gravação. valeu a pena. Fantástica produção.
Agora, nas fotos do desfile das escolas cariocas, de quem essas carnes flácidas? Cruzes!
William Moraes Corrêa
Postar um comentário