Ontem escrevi no twitter que Cássia Kiss (ou Cássia Kis Magro, dá no mesmo) está para "Morde & Assopra" assim como Gloria Pires está para "Insensato Coração": como duas atrizes são responsáveis pela explosão das novelas que representam.
Aqui devemos ter certo cuidado com comparações, já que a diferença entre uma novela das sete e uma das nove é muito mais do que duas horas; envolve investimento, repercussão, público, uma pluralidade de coisas.
E nós definitivamente não estamos diante de casos idênticos: em "Insensato Coração", a popularidade da Gloria Pires é um entre vários fatores que impulsionaram o sucesso da novela. A trama da Norma é interessante sem fazer esforço. Que telespectador não gosta de um bom acerto de contas? Uma volta por cima? Bem folhetinesca, a vingança de Norma teve à sua disposição tudo o que uma novela pode querer, a exemplo de um Tarcísio Meira servindo como escada, em cenas dinásticas como toda a sequência da morte de Teodoro.
Agora pense na Cássia Kiss, numa novela menor como "Morde & Assopra", cuja primeira intenção era falar de dinossauros e robôs (e este seria o título da novela, por sinal). O público não comprou essa ideia, e estávamos quase desistindo, até que descobrimos Cássia em seu papel de uma mulher humilde, usada pelo próprio filho. Não há muitos atores consagrados ao seu redor para lhe fazerem companhia; a maioria é uma mescla de iniciantes com outros que nunca verão o brilho das 21h. Logicamente, uma Elizabeth Savalla e um Ary Fontoura não devem ser ignorados, por isso não estamos generalizando.
"Entre ser uma atriz e ser uma celebridade, eu escolhi ser atriz", disse Cássia Kiss no último Domingão do Faustão, em que foi homenageada no Arquivo Confidencial. E é verdade: estamos diante de uma atriz, com todas as definições que a palavra implica.
As cenas da personagem Dulce são carregadas de tanta emoção que ela nem precisa de falas para roubar as cenas. E não é à toa que está todo mundo comentando: Cássia Kiss roubou "Morde & Assopra" toda para si. Chega ao ponto de ligarmos a TV só pelo privilégio de assisti-la.
O mesmo acontece com Gloria Pires, apesar das diferenças que já comentamos. E com isso, é bom que fique claro, não estamos dizendo que ambas as novelas não têm mais nada de bom; cabe a quem assiste fazer esse julgamento. Quando paramos para falar de Gloria e Cássia, é porque nunca chegamos tão próximos de duas unanimidades.
É com talentos assim que a televisão brasileira mostra que nem tudo está perdido.
DOMINGÃO DO FAUSTÃO
CÁSSIA KISS MAGRO NO ARQUIVO CONFIDENCIAL
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