ESPECIAL TODO MUNDO ODEIA O CHRIS | PARTE 3

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Ao longo dos episódios, podemos depreender que, apesar de não ser particularmente sortudo em seu cotidiano, o Chris (Tyler James Williams) tinha uma vida feliz em Bed-Stuy. Ele apanhava constantemente, de todas as fornas (inclusive no sentido literal), mas era cercado por uma família unida e que se amava.
A impagável Rochelle (Tichina Arnold), por exemplo, é uma típica mãe da classe média baixa dos anos 80, dedicada ao lar e à família, visual inconstante e sempre muito cheguei, e que num mesmo ato consegue unir raiva, exaustão da rotina doméstica e amor maternal. Apesar da violência empregada na criação dos filhos, é uma mãe zelosa, que se preocupa com seu futuro.
Julius (Terry Crews) é o típico pai de família que, empenhado em sustentar a família, trabalha em dois empregos e procura se envolver o mínimo possível nas picuinhas do lar. Mas nem por isso é um homem distante e alheio ao que acontece ao seu redor. Um dos maiores pães-duros já conhecidos desde o Tio Patinhas, as táticas do patriarca para economizar seu suado dinheirinho são alguns dos momentos mais engraçados da série. O verdadeiro Julius Rock morreu em 1989, por complicações após uma cirurgia para tratar uma úlcera gástrica.
Drew (ou Drú, interpretado por Tequan Richmond), o filho do meio, é (ou era) maior do que ele, e mais bem-sucedido em praticamente tudo o que para Chris era sinônimo de fracasso.
A diabólica Tonya (Imani Hakim), a caçula, é tão irritante que às vezes nem a mãe aguenta. Implica com tudo, e especialmente com o Chris, a quem gosta de atribuir a culpa pelas barbaridades que faz. Mesmo assim, é paparicada pelo pai, que, na medida do possível, faz todas as suas vontades.
Não faz parte da família, mas tem também o Greg (Vincent Martella), melhor amigo de Chris, e um dos mais fiéis já desenhados pela cultura norte-americana. O "praticamente nerd" acompanha Chris desde que se conheceram, e está (na maioria das vezes) ao seu lado, numa época em que o racismo ainda era escancaradamente praticado por vários setores da sociedade, até mesmo aqueles que se esforçavam para manter as aparências. Pois Greg não se importou em ser o melhor amigo de um garoto negro recém-chegado numa escola de brancos, que o ridicularizavam despudoradamente.
Na escola, o bullying contra Chris era comandado por Joey Caruso (Travis T. Flory) o gordo ruivo que dava os mais engraçados (embora racistas) apelidos para o guri: Feijão (Greg era o Arroz) e Tiziu (pássaro preto, e nome do negrinho interpretado por André Luiz Miranda em Terra Nostra), são só alguns deles.
Mas uma de minhas preferidas, ao lado da Rochelle, é a Professora Morello (Jacqueline Mazarella). Ela é o perfeito retrato do momento de transição em que vivia a sociedade estadunidense naquela época: por mais que se esforçasse para parecer moderna e tolerante com a miscigenação, Morello sempre deixa escapar alguma tirada de teor preconceituoso, embora ela não seja racista. Seu pensamento acerca dos negros são praticamente leituras das mentes das famílias brancas dos anos 1980: pretos vivem em guetos, se reproduzem feito coelhos, são viciados em drogas e se tratam com nomes e apelidos vulgares. Ainda hoje há pessoas que pensam assim.

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CONTINUA

ALGUMAS PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS

Louise (avó da Tasha) - Whoopi Goldberg

Sr. Abbot - Chris Rock

Peaches (mãe da Tasha) - Tisha Campbell-Martin

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