Ruben Aguirre já foi toureiro (primeira foto acima), radialista, e um alto executivo na Televisa, até que se consagrou em definitivo como o Professor Jirafales. Como eu já disse, da turma do Chaves esse foi o primeiro personagem a surgir, nos Supergénios.Sua carreira como ator, porém, começou antes da parceria com Chespirito, desde 1968. Ruben atuava no programa El Club de Shory (foto), onde também atuavam Maria Antonieta de las Nieves e Carlos Villagrán, que Ruben apresentou a Chespirito.Em 1994, um ano antes do fim definitivo das séries de Chespirito, Ruben produziu "Aqui esta la Chilindrina", programa solo de Maria Antonieta. Também rodou com o Circo do Professor Jirafales por diversos países, aproveitando-se do sucesso do personagem. Hoje, enontra-se visivelmente acima do peso, em circunstância de um medicamento para curar um problema na perna. Nos últimos meses, o carro que dirigia acabou sofrendo um acidente, em que sua esposa Consuelo Aguirre perdeu uma perna. Chespito e Florinda Meza ajudaram a confortar o amigo, inclusive financeiramente.
1979 foi um ano crucial para Chespirito e seus personagens. Um ano de adequação, visto as circunstâncias delicadas em que se encontravam. A saída de Villagrán e de Don Ramon forçaram o autor a conduzir suas histórias para outros rumos, o que significou uma verdadeira revolução na vila, que só viria a cessar no final dos anos 80, quando tudo já estivesse resolvido e os remakes virarem regra. A criação de novos personagens foi fundamental. Vide a Dona Neves, uma vez que a Chiquinha não podia morar sozinha e precisava de um adulto "responsável" para tomar conta dela. Porém, o mais importante dos novos personagens, sem dúvida, foi o carteiro Jaiminho, que aos poucos supriu a falta do Seu Madruga - os mexicanos nunca reclamaram -, e o ator Raul "Chato" Padilla foi além, atuando inclusive no Chapolin Colorado, onde começou a suprir não só mais a falta do Seu Madruga, como também a do ator Ramon Valdez. Raul havia se destacado como um dos melhores personagens do filme El Chanfle (ou "o filme do Pelé"), também escrito por Chespirito, reunindo todo o elenco na sétima arte. Na película, Raul interpretou um bêbado muito cômico, parceiro da personagem de Angelines Fernandes. O sucesso do personagem no filme (repetido na seqüência, El Chanfle 2) abriu os olhos de Bolaños para contratar "Chato" para seu time de estrelas. Na vila, as mudanças foram drásticas. Além dos novos personagens, outros passaram a ter mais destaque, como o Nhonho, e mais tarde o próprio Jaiminho. A Dona Florinda, que antes vivia da pensão do falecido marido, tornou-se uma mulher mais ativa e participativa na própria vida, tocando um negócio próprio - o restaurante -, e contratou o Chaves como empregado assalariado e com horários flexíveis, que de forma nenhuma iriam interferir nos seus estudos.
Raul faleceu quando ainda estava no ar o programa Chespirito. Chegou a se afastar das gravações para cuidar da saúde, mas veio a óbito em 1994.
A INSÔNIA DE JAIMINHO, O CARTEIRO Episódio de 1984. Em espanhol.
Horácio Gomez era irmão caçula de Chespirito, e sua participação nos seriados sempre foi muito limitada, seu maior personagem foi o Godinez. Sempre foi um grande companheiro de trabalho para o irmão, ajudando de forma efetiva na produção dos seriados e dos seus projetos. Após o término do programa Chespirito, uniu-se ao sobrinho Roberto Gomez Fernandez em outros trabalhos, porém um infarto inesperado o vitimou em 1999, antes da grande homenagem que o irmão Chespirito lhe preparava para o ano 2000, quando completaria 70 anos.
Logo quando experimentou o volumoso sucesso de Chaves, algo fora do comum, Maria Antonieta de Las Nieves foi a primeira a levar a sua Chiquinha para outros cenários, em um seriado solo da própria Televisa. Porém, ao contrário da saída conturbada de Carlos Villagrán, o afastamento de Maria Antonieta foi cordial, amistoso, e dentro de vias legais. A tal legenda dando créditos ao Chespirito como criador da personagem não desagradou de Las Nieves, e ela abriu espaço para Maria Luisa Alcallá interpretar sua "prima", a Malicha. Parece que a intenção de Bolaños era dar à Malicha uma participação fixa no seriado, tanto é que ela diz morar na vila, só que suas participações se restrigiram a apenas 3 episódios no Chaves e 1 em Chapolin. Porém, a ausência da Chiquinha foi temporária, e ela retorna de "Presidente Prudente" para nunca mais sair da vila. Nos primeiros episódios do Chapolin, rara era a presença de Florinda Meza, pois a donzela em perigo era quase sempre Maria Antonieta. Porém, ela se afastou do super-herói e passou a fazer apenas aparições esporádicas. De las Nieves teve uma participação crucial nos primeiros grandes momentos de Chespirito na televisão. Ela era a única mulher na mesa dos Supergénios de la Mesa Cuadrada, programa que antecedeu os seriados Chaves e Chapolin, e que projetou o Chespirito na televisão mexicana. Aquele primeiro grupo era composto de Ramon Valdez, que interpretava um bêbado; Maria Antonieta;Chespirito, que interpretava o Dr. Chapatin; e Ruben Aguirre como o Professor Jirafales. Os Supergenios também contavam com muitas esquetes, que foram o primeiro passo para a criação de muitos dos personagens de Bolaños. A própria Chiquinha pode ter surgido nesse programa.
POSSÍVEL ORIGEM DA CHIQUINHA Supergenios de la Mesa Cuadrada.
Tendo visto a antiga parceria entre Bolaños e Maria Antonieta, nunca daria para imaginar que, mais de 30 anos depois, eles viriam a pelejar justamente pela Chiquinha. Maria Antonieta já atuou mais de uma vez em seriados solo, um deles até foi dirigido pelo Ruben Aguirre, e ela tinha total liberdade para fazer o que quisesse com a Chiquinha. E todos sabem que Bolaños nunca proibiu os atores de interpretarem seus personagens, desde que lhe dassem o devido crédito por isso. Porém, o que aconteceu foi que Maria Antonieta tentou registrar a Chiquinha em seu nome. Um absurdo, já que, por mais que ela interpretasse com todas as honras a personagens por mais de 2 décadas, ela não o havia criado, e por mais que seja uma grande atriz, se não fosse o Chespirito, a Chiquinha não existiria. É como se o Elijah Wood tentasse registrar o Frodo, claro que guardando as respectivas proporções. Chespirito tentou vetar a iniciativa de Maria Antonieta, entrando numa desconfortável briga judicial que levou a atriz a ser internada em 2002, por problemas cardíacos. A briga foi sim levada para o lado pessoal. Florinda Meza tomou partido do marido e também rompeu ligações com a Maria Antonieta. O desenho animado do Chaves foi uma grande oportunidade para reunir todos os atores em senso comum e apagar velhas desavenças, houve a grande possibilidade da entrada da Chiquinha na segunda temporada. Porém, ela diz que Roberto Gomez Fernandes, filho de Bolaños, é o culpado pelo fracasso nas negociações, e ele diz que ela foi quem não demonstrou o devido interesse. De qualquer forma, hoje os direitos da personagem pertencem a Maria Antonieta. Quando da briga judicial, ela não foi a única que estava errada. Chespirito, a essa altura do campeonato, não devia fazer tanta questão pelos direitos da Chiquinha, uma vez que ele já tem a vida ganha e não precisa da personagem, ao passo em que a Maria Antonieta vive disso. Seria sensato se ele abrisse mão voluntariamente da personagem, dando de presente a Maria Antonieta, sua grande parceira de várias esquetes, e não agisse tão exageradamente racional. Afinal, eles já passaram por tanta coisa juntos, tantas perdas e ganhos, e uma amizade verdadeira deve prevalecer sobre questões judiciais.
LA CHILINDRINA ¿DONDE ESTÁS PAPÁ?
De las Nieves é casada com Gabriel Fernandez, o narrador das séries de Chespirito - que viera substituir a própria atriz, que até 1972 acumulavaessa função. Ela é mãe de Verônica, que aos 18 anos interpretou a última versão da Patty, de 1987. Pois é, ela disputou o amor do Chaves com a própria filha!
Após a saída de Pirollo, o grupo, desfalcado, já estava gerando dúvidas no público sobre como a série iria continuar sem uma de suas peças-chave. Foi então que, para supresa de todos, o próprio Villagrán contratou o Ramon Valdez, outra grande fatia responsável pelo sucesso de El Chavo e da trupe, para atuar em seus seriados fora do México. Para Chespirito, o baque foi inevitável, e Ramon Valdez chegou a revelar que, nos anos que esteve afastado, constantemente recebia convites de Chespirito para que retornasse. Bolaños não esconde de ninguém que Don Ramon é seu comediante preferido, e que de todos os colegas de elenco, Ramon teria sido o único que já o fizera chorar de rir. E depois de tanta insistência, ele cedeu aos apelos do "supercomediante" e voltou a integrar o casting da Televisa em 1981.Todos dizem que Ramon era idêntico ao personagem que interpretava, por isso mesmo tinha muito apelo popular mesmo descaracterizado. Casado três vezes e com 10 filhos, foi o primeiro do elenco falecer, em 1988, vítima de um câncer no pulmão. Uma multidão acompanhou o seu enterro, conforme relatou Edgar Vivar, um dos que mais sofreram com a morte do amigo.
Edgar Vivar e Ramon Valdez tinham um grande vínculo de amizade, iam juntos para as gravações e mantinham uma boa convivência.Formado em Medicina, Vivar só permaneceu no ramo por dois anos, quando se lançou na dramaturgia. Ao ver um de seus comerciais na televisão, Chespirito o convidou para interpretar o Sr. Barriga e mais tarde o Nhonho, que se tornaria fundamental na substituição do Kiko - mas embora tenha tentado e agradado a muitos, o Nhonho nunca conseguiu suprir a falta que fazia o Kiko, ainda mais nos remakes em que literalmente substituiu o Frederico. Seu grande destaque foi como o Botijão, substituindo - pra variar - Ramon Valdez como o parceiro do Chómpiras (também conhecido como Beterraba, ou Carne-seca, ou Chaveco), o Peterete.
CHOMPIRAS E PETERETE Dublado
Botijão e Peterete não são necessariamente iguais, já chegaram a aparecer juntos em um episódio, mas o motivo inicial dos personagens é o mesmo - ser o parceiro de Chompiras. No início, era só uma esquete de poucos minutos, e que mais tarde ganhou consistência e vários personagens, acabando por reunir o maior elenco dos quadros de Chespirito, e talvez o seu quadro predileto, que costumava fugir dos remakes, sempre com histórias originais Botijão e Chompiras deixaram de ser ladrões ao assistirem o episódio do Chaves, "O ladrão da vizinhança", e desde então apenas tentam dar golpes que nunca dão certo. Efetivamente, Bolaños já alegou que o Chompiras era o seu personagem mais cômodo para interpretar, pois acompanhava a sua idade real.
O sucesso do programa, gravado até 1995, foi tanto que deu origem a uma revista de humor que levou o nome da personagem de Florinda Meza - La Chimoltrufia, a esposa do Botijão.
A edição nº 1 e o último número da revista La Chimoltrufia
Em 2003, Vivar se emocionou ao dar de cara com o imenso carinho dos fãs brasileiros, ao participar do exinto Falando Francamente, programa do tempo em que a Sônia Abrão ainda tinha bom senso, e não abusava do fim da censura no Brasil. Recentemente, Edgar Vivar fez uma participação no filme Bandidas (2006) e enfim resolveu se submeter a uma cirurgia de redução do estômago, pois seu peso já começava a comprometer sua saúde em demasia. Por muito tempo, rodou com seu circo por vários países. Contudo, sem sombra de dúvidas, quem mais sofreu com a morte de Don Ramon foi Angelines Fernandez, uma de suas melhores amigas. Após o enterro, Angelines permaneceu parada o tempo todo ao lado do corpo, chorando suas saudades, lamentando a dolorosa perda. Murmurava "mi roro, mi roro...", lembrando a forma carinhosa com que chamava o seu grande amigo.Os mais próximos de Angelines contam que a atriz foi perdendo o gosto pela vida, entregando-se cada vez mais ao vício do tabaco, o mesmo que vitimara Valdez. Também foi muito próxima de Maria Antonieta de las Nieves, e nos últimos anos tinham estreitado ainda mais sua ligação. Angelines viria a falecer em 1994, ironicamente aos 71 anos. Espanhola de nascimento, teve que abandonar o país por ser taxada contra o regime do ditador Franco, e acabou optando por viver no México em 1947. Como muitos sabem, antes da fama em Chaves, Angelines gozava de uma carreira estável, ícone de beleza nos anos 40, chegando a atuar em diversas produções.
ANGELINES FERNANDEZ NO FILME EL PADRECITO, DE CANTINFLAS
Olha ele aí...
Dizem que ela foi a última a integrar o elenco clássico de Chespirito, sendo contratada em 1971 - daí o apelido Bruxa do 71. É mais uma daquelas confusão de datas. Florinda Meza afirma que o primeiro episódio do Chaves foi ao ar em 1972, embora 1971 também seja um ano provável. O encerramento definitivo da série também gera dúvidas. Fala-se em 1992 e 1995, mas a primeira opção é mais aceita, já que 95 foi o fim do programa Chespirito - porém o Chaves rodou antes porque Bolaños já não achava ético tentar passar por um garoto de 8 anos, e entrar e sair daquele barril grande já estava dando no saco pra ele. Dona Clotilde viera para substituir Dona Edwiges, a Louca da Escada, que também metia medo nas crianças e era apaixonada pelo Seu Madruga. A atriz Janett Arceo, que interpretava a Louca da Escada, comanda há mais de vinte e cinco anos o programa La Mujer Actual, sendo quase a Ana Maria Braga do México. Encontrei um trecho do programa no YouTube. É uma entrevista, nem sei do que se trata, veja só uns trechos pra conhecer essa atriz, e como anda por hoje.
JANETT ARCEO, A LOUCA DA ESCADA, EM SEU PROGRAMA NO MÉXICO
O fenômeno Chaves estremeceu toda a América Latina, em proporções substanciais. O grupo de atores viajou por diversos países, sendo ovacionado em todos eles por multidões apaixonadas. Espalhou-se pelos mais variados países, de todas as línguas. Até mesmo em Nova York (EUA), no Madison Square Garden, o elenco da série fez o lugar lotar e receber aplausos entusiasmados.O auge dos seriados foi sempre crescente, a cada temporada, freando-se apenas após a saída do Kiko e, posteriormente, de Don Ramon. Mesmo assim, a onda criativa do Chespirito não cessou até meados dos anos 80, quando a fonte finalmente deu sinais de esgotamento. No Brasil, o grupo nunca pisou. Pelo menos não juntos, já que alguns atores passaram por aqui e visitaram alguns programas de televisão. Mas o espetáculo do Chaves, com todas as pompas e personagens, nunca tivemos a oportunidade de recepcionar. A Disney já manifestou interesse em adquirir os direitos dos personagens, e por diversas vezes abordou Roberto Bolaños para iniciar as negociações. Ela pretende distribuir os produtos mexicanos através de sua grande rede de influências, e uma vez detentora dos direitos, o futuro se tornaria um mistério. Desde novos remakes, à filmes produzidos pela Pixar, poderíamos esperar qualquer coisa.
De sua trajetória como poeta, escritor, roteirista, diretor, compositor, cantor, músico e outras coisas, o supercomediante Roberto Bolaños, hoje, usa pouca coisa. No alto de seus 79 anos, já recebeu propostas voluptuosas para trabalhar na Argentina e até no Brasil, como escritor - mas ele considera que não teria muito tempo de vida para gozar de tanto dinheiro. Até porque, ele já conquistou o suficiente nesses mais de 40 anos de carreira. Segundo Florinda Meza no epílogo do El Diario de El Chavo del 8, O primeiro episódio do Chaves data de março de 1972 - ou seja, Bolaños já estava com seus 43 anos. No vídeo a seguir, raríssimo, podemos assistir ao primeiro episódio do Chaves - e dublado em português pelos estúdios Maga (ou seja, as mesmas vozes do SBT).
PRIMEIRO EPISÓDIO DO CHAVES Dublado em português - MAGA
A despeito da idade avançada para um personagem de 8 anos, nós já vimos Chespirito dando cambalhotas, mergulhos hediondos, amarrado de ponta-cabeça em cipós, e mil outras peripécias - sem nunca usar dublê. O tempo pareceu demorar para se dar conta de que Chespirito já estava velho demais para determinadas estripulias, e, por razões médicas, em 1979 Chespirito foi aconselhado a deixar de lado o personagem Chapolin, pois um super-herói exigiria do ator um condicionamento físico que ele não mais poderia dispor. Nada tãão injusto, já que o Chapolin foi criado antes do Chaves, e talvez naquela época o Bolaños não tivesse idéia de que iria até o final do século interpretando esse personagem. A título de curiosidade, o personagem de maior vigência foi, curiosamente, o velhinho Dr. Chapatin (1968-1995), que acompanhou o Chespirito em todos os anos de sua carreira na televisão.
Nesse episódio, o Chapolin anuncia um novo personagem, o seu substituto - o famigerado repórter Vicente Chambón, do jornal La Chicarra. O personagem teria sido inspirado no pai de Chespirito, que também era jornalista. As esquetes foram gravadas entre 1980 - ano em que as séries do Bolaños deixaram de ser independentes para se tornarem quadros do programa Chespirito - e 1982, ano em que o personagem rodou. A esquete contava com a fotógrafa Cândida (Florinda Meza), Ruben Aguirre como o chefe e Angelines Fernandez como Úrsula, a sua primeira personagem fixa depois da Dona Clotilde. O nome Vicente pode não ter sido em vão - talvez tenha sido para criar um vínculo entre ele e o Chaves, e formar uma nova dobradinha. Sabe-se que o Chapolin é ídolo do Chaves e de todos na vila, e de onde teria saído o Vicente? Ora, não se lembra que o Chaves tem um amigo que se parece muito com ele? Não, não é o Chafundifórnio, é o Cente! Bem, se o Cente é o mesmo Vicente Chambón, nunca vamos saber. A série nem durou o suficiente.
VICENTE CHAMBÓN - A BOLA DE BOLICHE
Em espanhol, sem legendas.
O último episódio do Chapolin foi gravado, foi ao ar, e anos depois o herói retorna como um quadro do humorístico Chespirito - sorte que seguiu todos os outros personagens de Bolaños, inclusive o Chaves. Cada vez mais velho e gordo, Bolaños insistiu na casadinha Chapolin-Chaves, até que apenas o último sobreviveu, até 1992. Como já dissemos, os últimos capítulos (quadros) do Chaves se reduziram cada vez mais ao espaço da escolinha, assim Chespirito poderia atuar na maior parte do tempo sentado e sem exigir tanto de si.
O vídeo a seguir, Aula de Geografia, seria o penúltimo capítulo de Chaves - segundo o responsável pelo vídeo no YouTube, o último seria o "Aula de Inglês".
PENÚLTIMO EPISÓDIO DO CHAVES
Em espanhol, sem legendas.
Quando veio à tona o relacionamento de Bolaños com Florinda Meza, talvez o espanto maior não foi pelo fato de o Chaves estar dormindo com a Dona Florinda, mas sim porque desbancou o ex-namorado da atriz, o Carlos Villagrán. O amor proibido, iniciado em 1978, pode ter sido um dos motivos norteadores do afastamento de Villagrán da trupe, e talvez hoje, teria sido melhor que ele fosse o vencedor nessa disputa. Atualmente, durante entrevistas, Florinda interrompe constantemente Bolaños, discute com repórteres; quase uma versão adulta de Sandy e Junior. Duvida? Veja o vídeo abaixo.
ENTREVISTA A CHESPIRITO E FLORINDA MEZA Ela interrompe mesmo?
O comportamento de Meza - tão próximo do da Dona Florinda - tem gerado especulações no México.
Casados oficialmente em 2004, de uns tempos pra cá a vida do casal vem sido discutido pelos mais curiosos. Boatos bem vagos dão conta de que o casamento estaria em crise, Florinda só estaria com Bolaños hoje por interesse, e que ela chegaria até a bater no marido em dadas ocasiões. Chespirito já se manifestou sobre esse assunto. Ele alega que não poderia estar mais feliz ao lado da esposa, que o casamento está perfeito e que não há com o que se preocupar.
Talvez o comportamento ranzinza da Florinda tenha ajudado Chespirito a compor o personagem que levaria o nome da atriz, na década de 1970. No início da carreira, a atriz passou por uma cirurgia para corrigir o nariz, devido à violência da sua própria mãe. Isso colabora nos rumores sobre seu temperamento. No Brasil, todos os episódios do Chaves exibidos hoje pelo SBT, contam com a presença de Florinda, seja como a velha burrona, seja como a Pópis. No original em espanhol, a Pópis só era fanha nas suas primeiras aparições - até que o pai de uma menina fanha teria se queixado com o Chespirito que a sua filha virara alvo de gozação dos amigos graças à Pópis. Depois disso, a Pópis passou a ter a voz de uma menina normal - o contrário do que ocorreu por aqui, já que a Pópis só adquiriu a voz fanha no decorrer de suas participações.
Foi Ruben Aguirre, o Professor Jirafales, quem apresentou Carlos Villagrán, também chamado de Pirollo, a Roberto Bolaños. Carlos integrou o elenco das séries e aos poucos foi conquistando o público, principalmente após ter domado o personagem que lhe consagraria para toda a vida - o Kiko. Nos primeiros episódios, aqueles em que o Kiko aparece usando chapéu azul, vermelho e branco, dá pra notar que Villagrán ainda não estava habituado àquele papel e aos poucos foi amadurecendo com ele. As suas participações em Chapolin também foram crescendo, mas o sucesso do Kiko foi tomando conta do México e o ator foi congratulado com diversos prêmios. Porém, ao perder a namorada Florinda Meza para o chefe do grupo, o Chespirito, o clima esfriou nos bastidores. Dá pra ver que Villagrán nunca superou a perda, e com o incontrolável êxito do Kiko, e propostas surgindo de várias emissoras, o ator foi mordido por algum bicho e se declarou autosuficiente e decidiu abandonar o elenco, levando o Kiko com ele - e estaria condenado a interpretar este único personagem até o final de sua carreira. Quando do auge do personagem, Villagrán constatou, e afirma até hoje, que ele estava fazendo tanto sucesso quanto, ou até mais, que o Chaves. Chespirito teria se enciumado com a situação e estaria pronto para diminuir a participação do Kiko no seriado, condição que Carlos não teria aceitado. Isso é o que ele diz. Mas é difícil de engolir essa. Que ele estava fazendo sucesso, isso é fato; tanto quanto o Chaves, vai saber; mas dizer que o Chespirito estivesse despeitado, é ir longe demais. De uma forma ou de outra, Bolaños deve ter se sentido prestigiado com o sucesso do Kiko - que, afinal, é criação dele. E de tão ético, Chespirito nunca proibiu os atores de interpretar seus personagens fora do estúdio. Tanto é que muitos dos atores rodaram o mundo com seus circos, sem pagar nada de direitos autorais ao criador de todos esses personagens - Roberto Bolaños. Em nenhum episódio você vê o Kiko com uma "participação menor". Pelo contrário, seu talento sempre foi explorado em todos os seriados e esquetes do Roberto. Mesmo assim, seguindo aquele pretexto, os episódios em Acapulco marcaram o fim da participação de Carlos Villagrán nas séries de Chespirito, para as quais ele nunca retornaria. Edgar Vivar, o Seu Barriga, afirma que depois de Acapulco, chegaram a ser gravados alguns episódios com o Kiko, mas vai saber. Bolaños já deu a sua versão sobre a briga. Segundo ele, havia propostas para Villagrán estrelar um seriado solo, como já tinha acontecido como a própria Chiquinha, na boa, mas teria que exibir apenas uma legenda dando créditos ao Chespirito como criador do personagem. Pirollo não aceitou. Em 2000, a Televisa organizou uma grande festa em homenagem a Chespirito e aos atores que nos deixaram - em especial, Ramon Valdez -, e essa festa foi marcada pelo reencontro de Carlos Villagran e Chespirito, depois de quase vinte anos afastados por problemas pessoais. Foi a surpresa da festa, guardada para os últimos minutos, e emocionou telespectadores do mundo inteiro...
O REENCONTRO DE CHESPIRITO E CARLOS VILLAGRAN
Mas segundo Villagrán, a coisa foi menos bonita do que pareceu. Segundo ele, a produção o convidou para uma homenagem ao Chespirito, explicaram como seria, e ele aceitou - sem cobrar nada por isso. Chegando no lugar do festejo, esconderam-no numa sala até o final da festa, quando o levaram ao palco para abraçar o Bolaños. E foi só isso. Um abraço, gente emocionada em volta, mas nada de jantar de reconciliação nem aquela cervejinha pelos velhos tempos. Mas de fato, a festa marcou a retomada da diplomacia entre ambos, tanto é que o Kiko está presente no desenho animado. Atualmente, Carlos Villagrán vive na Argentina, onde detém os direitos do personagem Kiko, e de vez em quando ainda arrisca interpretá-lo, já que sua condição física não está das piores. Ele certamente aprendeu a ser mais moderado, já que quando saiu de Chaves foi direto para a Venezuela para continuar interpretando o Kiko, que - repito - não é criação sua, e de quebra acabou surrupiando o Don Ramon - este sim, para Chespirito, fez a maior falta.
Quem já assistiu ao programa MTV Na Rua, apresentado ao vivo pela Penélope Nova, sabe que há um quadro em que anônimos podem reclamar sobre o que quiserem, e depois ganham uma camiseta. Chama-se "Chora". Eis que O Impostor, ousado e ingênuo que é, em pleno ápice da carreira tentar enganar num programa ao vivo! Aconteceu na última sexta-feira, 13 de março. Pra quem for supersticioso... Não, boy, não é assim. Tanto não é que não deu certo. O cara foi descoberto e passou a maior vergonha! Ao chegar ao palco para chorar sobre a sua "ex-mina" que terminou o namoro dizendo que o amava, embora estivesse disfarçado de mano, o Impostor caiu na velha armadilha do Almôndega: não sabe disfarçar a própria voz. O fato foi que a Penélope o desmascarou na frente de todo mundo! O resultado: o cara ficou sem graça e virou motivo de piada. Mas não rolou briga, nem nada. O pessoal da MTV levou tudo na esportiva. Veja o que eles escreveram no blog do programa:
Um dos pontos importantes do Na Rua é a participação da galera. Tá, isso vocês já sabem. Tem o mural aqui, que é sempre cheio e disputado, tem o pessoal que cola no set só pra ficar ali do lado, além dos que vão pro Chora, quiz, verdadeiro ou falso e os outros quadros. Tá, vocês também já sabem quais são as formas de participação.A questão é: sempre tem muita gente querendo fazer piada nesse espaço, de trocadalhos aos chifrinhos e dancinhas atrás das câmeras. O que rolou hoje é que desmascaramos o impostor do Pânico. Rá! Ele apareceu por lá e pediu pra fazer um chora, olha aí.
A Pê foi ligeira e sacou a brincadeira. Mesmo assim, valeu até camiseta. Na hora do intervalo, ele quase foi embora. Deu explicações, perguntou se não tínhamos ficado bravos ou coisa do tipo, assinou a autorização de uso de imagem e tava saindo. Mas não tinha porque (sic) a gente não entrar no jogo e armar alguma coisa. Foi só o programa voltar ao ar que chamamos o cara de volta para as explicações. Ele ficou tímido, não queria ir, mas, no final, rolou. Só não rolou o selinho que ele pediu pra Pê. Vê aí:
Trechos negritados pelo Blogaritmox Fonte: Blog MTV Na Rua blogaritmox@gmail.com
De todas as perguntas não respondidas nos seriados do Chespirito, algumas vão perseguir os fãs até a morte. Outras curiosidades, porém, acabaram saindo espontaneamente. Vocês já vão entender. Qual é o nome do Chaves? Não dá pra dizer ao certo. A possibilidade de o nome ser Chaves mesmo, ou até ser esse o sobrenome, é muito remota. Como todo mundo já sabe, o nome Chaves é uma livre tradução brasileira da palavra chavo, que significa menino em espanhol. Por mais inovador e real que seja o sobrenome garotinho, acho que o Bolaños não pensou nisso para o seu personagem. Na série, quem faz o "batizado" é o Seu Madruga, quando Chaves chega à vila. Ele diz algo como "Menino (Chavo), o que quer aqui?". Chespirito nunca deu tanta importância a essa coisa de nomes, já que muitos atores interpretaram personagens com seus próprios nomes durante os seriados. Soldado Chespirito, General Vivar, Don Ramon, Dona Florinda, Senhor Carlos Vilagrande, Ruben (o que queria ser super-herói), Dona Neves... E por aí vai. É provável que o nome do Chaves seja Roberto, por que não? Não graças ao SBT, hoje já sabemos o nome de muitos personagens. Nhonho, por exemplo, é um apelido para Febronio Barriga Gordorritúa, filho do já conhecido Zenón Barriga e Pesado. A versão mais aceita na internet para o nome da mãe do Kiko é Florinda Bardón de la Regueira, mas em um episódio conhecido por aqui, ela se apresenta como Florinda Corcuera Vidialpango Viúva de Matalascayano. Assim, o nome do Kiko é Frederido Bardón de la Regueira, não há versões que contradigam isso. Além deles, temos Inocêncio Girafales e Jaiminho Garabito, que receberam seus nomes em episódios que você não verá amanhã no SBT.
O NOME DO JAIMINHO Em espanhol, sem legendas.
O NOME DA DONA FLORINDA Em espanhol, sem legendas.
Quem também revelou o próprio nome, de uma hora pra outra, foi o Chapolin Colorado. Ele explicou que se chama Chapolin Colorado Lane, sendo o Lane herança de sua mãe, Lois Lane, e o Colorado veio do pai Pantaleon Colorado Roto (no México, o sobrenome do pai vem antes do sobrenome da mãe). Seu padrinho entomólogo, que estudava e colecionava insetos, escolheu o prenome, e estava na dúvida entre o nome de quatro insetos para ver qual colocaria no afilhado. Sorteou os nomes num sombreiro, e a mão inocente sorteou o papelzinho adequado - venceu o gafanhoto "chapulin". As outras possibilidades eram Gorgojo, Escarabajo e Libélula. Mas o mais incrível é que o nosso Chapolin é filho da jornalista Lois Lane, a fogosa namorada do Superman.
O NOME COMPLETO DO CHAPOLIN Em espanhol, sem legendas.
Que culpa é essa, gatinha?
E sobre os personagens de Chaves, muita coisa ficou no ar. Por exemplo, é notável que o Seu Madruga nutre uma paixão selvagem pela Dona Florinda. No episódio dos toureadores, ela abraça o Seu Madruga com medo do touro, e ele, sem saber disso, recebe o abraço com carinho, e a perdoa pela surra que recebera minutos antes. Quando é a Dona Clotilde que o abraça, ele repele instintivamente, até dormindo. E pra encerrar, no episódio da troca de bolos, ele simplesmente assume que também toparia levar o caso adiante, e ainda tripudia o Prof. Jirafales. A verdade, porém, é que Dona Florinda nunca daria chances a ele. Em 1981, portanto antes da morte de Ramon Valdez, tentou-se justificar a ausência do Seu Madruga - ele estaria procurando emprego, decidido a não voltar até que não conseguisse algo decente.
JUSTIFICATIVA DA SAÍDA DO SEU MADRUGA Em espanhol, sem legendas
Anos depois, porém, Don Ramon volta a integrar o elenco, que só abandonaria quando sua saúde já estivesse deveras debilitada. Após muita insistência de Chespirito, o ator Ramon Valdez cedeu aos chamados e voltou à vizinhança.
SEU MADRUGA VOLTA PARA A VILA Em espanhol, sem legendas. Pra variar
A Bruxa do 71, promíscua, após a saída definitiva do Seu Madruga, passou a dar em cima do "substituto" - o carteiro Jaiminho, que também não cedia às investidas da senhorita. Engraçado que a gamada pelo Jaiminho era pra ser a Dona Neves, mas a história levou o rumo das circunstâncias e o Chespirito preferia mexer mais na disposição dos personagens do que nas histórias em si, já que passou a reaproveitar tanto os roteiros antigos. Por exemplo, o Nhonho virou o novo Kiko, e as histórias estavam cada vez mais repetitivas. Ao passo em que o tempo vai passando, além das histórias fracas, as séries sofrem com a pouca disposição dos atores mais velhos. O próprio Chespirito, ao passo em que envelhecia, acabou trazendo consigo um Chaves e um Chapolin pesados, com caras que remetem ao mau-humor e à tristeza, longe das feições de um menino de oito anos e de um super-herói atrapalhado - ao menos, diferem dos personagens que nós conhecemos, aqueles dos bons tempos. É implicância minha, mas detesto o novo visual da Chiquinha - o das franjas e da roupa com gola amarela - e o da Pópis - com vestido verde e rosa, e substituindo a peruca acaju pelo cabelo de verdade da Florinda Meza. A título de curiosidade, Pópis mudou seu trajar antes da Chiquinha. Outros que mudaram o visual foram a bruxa do 71, que passou a usar chapéu rosa, a Dona Florinda mudou o vestido e o avental, o Seu Barriga ficou mais careca, ao passo que o Edgar Vivar também deixou de usar a dentadura saliente para compor o Nhonho. Os episódios dessas fases, via de regra, são ruins. De qualquer jeito, veja o clipe abaixo, é legal.
EL CHAVO DEL 8 - LA JUGUETERIA Versão em espanhol da canção "A brincar" Anos 80
O diário do Chaves.ATENÇÃO: SPOILERS!
Em 1995 foi lançado no México o primeiro livro do Chespirito dedicado a desvendar alguns dos mistérios do seriado, O Diário do Chaves (El Diario de El Chavo del Ocho). No prefácio, o Chespirito parece misturar ficção e realidade, contando que foi abordado por um pequeno engraxate de 8 anos que adorava sanduíche de presunto, e que ao terminar o serviço nos sapatos do artista, acabou esquecendo o seu diário (Chespirito presumiu que fosse um). Bolaños apresenta-se como editor do livro e vez ou outra corrige algumas asneiras do Chaves no decorrer da narrativa. A história do menino do 8 é pesada, e mais triste do que parecia ser. Ele conta que só conheceu a mãe, mas que nunca estava nem aí para ele. Sempre que ia buscá-lo na creche, perguntavam a essa senhora qual era o seu filho, e ela respondia "Sei lá, qualquer um", e acontecia de ela acabar levando outra criança no lugar do Chaves. Ou seja, ele pode nem ser filho da tal senhora. Até que chegou um dia em que sua mãe não apareceu mais, e ele ficou sob os cuidados da malvada funcionária da creche, que o batia tanto que às vezes lhe tirava sangue do nariz. Essa mesma funcionária acabou ajudando o Chaves na fuga da creche, e ele ganhou as ruas. Experimentou maconha, viu seus "amigos" meninos de rua destruírem as próprias vidas com drogas mais pesadas, como cola de sapateiro, e presenciou até a morte de um deles. Depois, o Chaves volta a vagar sem rumo, até que chega à vila, e o livro toma um rumo mais descontraído. Não é necessariamente um livro de comédia, em alguns trechos ele fala de passagens conhecidas no seriado, mas não consegue arrancar gargalhadas, o livro é meio denso demais. O Chaves fala do amor que sentia pela Patty, e de como era estranho aquele experimentar esse sentimento tão confuso. Fala também dos ciúmes da Chiquinha, sempre ignorando as razões dela. Pela primeira vez, todos os personagens se reúnem. O livro fala de todos eles, mencionando até um reveillon com todos juntos, na casa da Dona Florinda. Nem no desenho do Chaves isso acontece, já que a Chiquinha ficou de fora do projeto. Jaiminho, o carteiro, é mais tratado como o senhor preguiçoso de Tangamandápio do que como o velho mal-humorado que ele se tornou quando substituiu o Seu Madruga. Chaves devolveu a ternura ao carteiro simpático que sempre queria evitar a fadiga, agora bem velhinho, e cada vez mais fatigado, com a saúde frágil, o que acaba resultando na sua morte nas últimas páginas. O Chaves trata a morte do Jaiminho com uma inocente naturalidade, o que retrata de forma inteligente a relação das crianças com a morte. Naturalmente, é só uma versão posterior, um "como poderia ter sido". Tudo bem que o Bolaños é o criador do personagem, mas é evidente que ele nunca pensou no conteúdo do tal diário no processo de criação do Chaves e dos outros personagens da vila.
"Blog de humor e fantasia, criado para fins de entretenimento, apenas. As informações e opiniões aqui contidas podem não corresponder à realidade. Se você se ofendeu com alguma postagem, certamente a mesma se trata uma ficção que deve ser imediatamente desconsiderada, e não levada a sério"
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