E eis que Marimar tem feito mais sucesso do que o próprio SBT esperava. A Record já não aparece no retrovisor da reprise mexicana, e a briga agora é com a Globo -- e não pense que está sendo fácil para a emissora carioca segurar o furacão Thalia com sua trama surrada, mas (a quem eu quero enganar?) apaixonante.
Várias capitais já se renderam a Marimar: Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte... Só pra citar algumas. E em São Paulo, a praça que realmente interessa, os números também impressionam: em determinados momentos, a novela atinge a liderança.
O desempenho do folhetim mexicano expõe mais uma vez a delicada situação em que se encontra a televisão brasileira. Particularmente a faixa da tarde, que é onde esta postagem concentra os seus esforços. Trata-se de um daqueles momentos em que o telespectador dá o troco (não sei dizer se o faz voluntariamente ou não) nesse descaso com que as emissoras tratam a sua faixa vespertina.
Analisemos os principais concorrentes de Marimar. A começar por Marcas da Vida: A Record poderia investir em mil coisas, mas escolheu esse docudrama tosco comprado da Fremantle. É de uma tosqueira tamanha que nem esta, que é a sua característica primordial, desperta a atenção em quem busca por entretenimento no horário.
Vamos cortar caminho para a Sessão da Tarde, eterno tumor na grade global, e principal concorrente da novela. A seu favor, a sessão de filmes tem em seu acervo clássicos que até valem ser vistos uma vez por ano, como Ghost e A Lagoa Azul (tem quem goste!). Se a exibição desses filmes fosse intercalada com blockbusters mais recentes, sucessos de bilheteria, tudo bem. Mas a Globo, que tem diversos títulos à sua disposição, insiste em telefilmes trash, sem falar nos longas estrelados pela bicharada.
Se a Globo insiste nesse formato para a Sessão da Tarde, é porque sabe que as pessoas assistem. E é nessa falta de exigência que o SBT deve entrar. Marimar não tem nem poderia ter a mesma durabilidade de uma sessão de filmes. O que a emissora paulista deve fazer é escolher bem as suas substitutas e garantir a estabilidade. As substitutas são previsíveis: Maria do Bairro e A Usurpadora, talvez nesta ordem. Assim fica fácil, mas e depois? Outras reprises podem garantir que o SBT continue incomodando a Globo por um ano, ou até mais. São elas: A Feia mais Bela e Rebelde, com uma vantagem que não tiveram em suas exibições originais: um horário fixo.
Nesse ínterim, a Globo pode vir a contra-atacar com os óptimos filmes que têm, mas aí o telespectador vai ter que demonstrar inteligência: porque se a Globo começar a vencer, os filmes de macacos e cachorros vão voltar uma hora ou outra. Nesse caso, melhor ficar com as mexicanas.