Frasier estreou em 16 de setembro de 1993, menos de quatro meses após o estrondoso final de Cheers, em 20 de maio. Parecia o caminho para o suicídio do personagem secundário de uma série que acabava de entrar para a história dos Estados Unidos. Afinal, o que seria de Frasier Crane sem os seus amigos do bar?
Ninguém imaginava que fosse dar tão certo. Em seu primeiro ano, Frasier foi a 7ª série mais assistida. Assim, a rede NBC acertou de novo, e ainda estava só no começo. Se um dia precisou tanto de Cheers para reanimar sua linha de shows, daí pra frente não parou de acertar: pouco antes (1989) estreara Seinfeld, e um ano depois de Frasier, em 1994, Friends ia ao ar pela primeira vez naquele mesmo canal - e a partir daí não precisa dizer mais nada.
O sucesso foi tamanho que, nas últimas temporadas, Kelsey Grammer era o detentor do maior salário da história da TV, ganhando nada menos do que US$ 1,6 milhão por episódio. Depois dele, vinha David Hyde Pierce, seu irmão no seriado, que recebia US$ 1,2 milhão. Grammer só foi desbancado em 2005 por Ray Romano, da comédia Everybody loves Raymond - esse daí arrebatou US$ 2 milhões por cada um dos 16 episódios da última temporada, deixando enciumados seus colegas de elenco.
Frasier se resume a uma coleção invejável de recordes. É verdade que nada pode ser considerado bom só porque ganhou esse ou aquele prêmio, mas se um deles for o Emmy, não faria sentido dizer que não vale a pena dar aquele voto de confiança.
No prêmio mais importante da TV mundial, a boa aceitação de Frasier foi algo inigualável, uma verdadeira história de amor. Só desses troféus, a série saiu com 37, marca praticamente imbatível. Desses, em cinco anos consecutivos (um feito único), recebeu o de Melhor Série de Comédia - sendo que todas as onze temporadas concorreram nesta categoria, em onze anos. Além disso, Kelsey Grammer é até hoje o único ator a ser nomeado pelo mesmo personagem em 3 séries diferentes - inclua nessa lista as comédias Cheers e Wings, como convidado especial.
No Globo de Ouro, foram 21 indicações e 3 estatuetas: a de Melhor Ator para Kelsey (em 1995 e 2000) e Melhor Série de Comédia (1994).
Em 2006, o britânico Channel 4 reuniu uma comissão de escritores, diretores e atortes de sitcoms, que elegeu Frasier a melhor de todos os tempos, no topo de uma lista com 20 nomes. Já para a Mensa, maior e mais antiga sociedade de intelectuais do mundo, é o 8º programa de TV mais inteligente da história.
Relação com outras séries
Eles adoram uma porta |
Friends estreou em 1994, um ano depois de Frasier. O curioso é que, por pouco, suas histórias não iriam ter um final completamente diferente do que conhecemos. É que Lisa Kudrow (sempre ela!) estava com um pé em Frasier: estava tudo certo para ela viver a Roz; o próprio Kelsey contava com isso. Só na última hora os produtores decidiram dar o papel a Peri Gilpin.
Lisa ia viver a Roz, e acabou entrando para a história como uma das amigas... do Ross (David Schwimmer). Na foto acima, as duas atrizes que disputaram o papel da promíscua produtora estão exatamente em posições opostas (o Ross, por sua vez, no lugar equivalente ao da Roz), e ambas atrás de uma porta... Pode parecer confuso, mas e a coincidência? É pouca?
Quanto a Two and a half men, além da foto parecida, o que mais lhes aproxima é o incômodo que seus protagonistas enfrentam ao ter que hospedar em suas casas, familiares que chegam tentando mudar tudo e reclamando pelos cotovelos. Bastava perguntar ao doutor como é que se sente, Charlie.
Com Os Simpsons, a relação é mais direta. Desde a sua 1ª temporada, eles criaram para Kelsey o seu próprio personagem, o vilão Sideshow Bob: "o personagem mais popular que eu já interpretei". E que lhe rendeu um Emmy, em 2006.
Para James L. Brooks, um dos criadores de Os Simpsons, Grammer é o seu segundo convidado especial favorito. Perde apenas para o saudoso Phil Hartman (assassinado em 1998) que dublava os personagens Troy McClure e Lionel Hutz, ambos inesquecíveis.
Apesar de mau, Bob "é o trabalho mais fácil que já fiz, já que ele é basicamente o Frasier mergulhado em arsênico". Até a família acabou emprestada: na 8ª temporada (Ep. "Brother from another series", que em português ficou "Irmão fora de série", tradução bem inteligente!) o David Hyde Pierce ganhou o papel de Cecil, irmão invejoso de Bob. Na 19ª temporada ("Funeral for a Fiend"), eles ganharam um pai: o também picareta Robert Terwilliger, interpretado por John Mahoney, o mesmo progenitor dos irmãos Crane.
Jane Leeves, a Daphne, viveu em Os Simpsons a Edwina na 15ª temporada ("The Regina monologues"). Não tinha relação com Sideshow Bob, mas mexeu com o coração do Vovô Simpson.
The Big Crane Theory
Intencionalmente ou não, nenhuma série se assemelha tanto a Frasier quanto The Big Bang Theory, um dos maiores sucessos atuais da CBS. Não chegam a ser idênticas, mas os personagens não poderiam ser mais próximos.
Sheldon (Jim Parsons) e Niles
São o caso mais impressionante. Até nas fotos, dá pra notar que os trejeitos são parecidos. Ambos são muito inteligentes, "afetados" e cheios de mania, mas quem conhece os dois não vê como confundir. Niles chegava ao cúmulo de passar um paninho antes de sentar em assentos públicos, mesmo assim agia como um ser humano e era todo romântico, diferente do Sheldon. E aqui vai uma curiosidade: em um episódio de Frasier, vimos que "Sheldon" era o nome do amigo imaginário que o Niles tinha quando criança, e que levava a culpa quando a cama amanhecia molhada.
Penny (Kaley Cuoco) e Daphne
A bela donzela que é cortejada por um apaixonado cavalheiro que se acha menos do que ela merece, e durante um período agonizante seus sentimentos sequer são conhecidos pela amada (que não é uma indefesa, pelo contrário: se atiçada, sabe muito bem se defender). Essa mulher pode ser a Penny ou a Daphne, você escolhe...
Leonard (John Galecki) e Frasier
Leonard também tem muito do Niles (especialmente a paixão platônica pela Penny), mas nada que chegue aos pés do Sheldon. Se bem que os irmãos Crane carregam algumas similitudes entre si, e os nerds de TBBT também. Na infância, todos sofreram por terem QIs acima da média, tornando-se vítimas fáceis de valentões, e de mulheres manipuladoras. Como o Frasier, Leonard também se envolveu com uma mulher assim. Aí vem ela:
Leslie (Sara Gilbert) e Lilith
São outras que se encaixam perfeitamente. Lilith é psiquiatra e Leslie é uma física teórica, e as diferenças são basicamente essas. As duas são demasiadamente racionais, difíceis de expressar sentimentos e utilizam o sexo como arma contra suas respectivas vítimas (acima).
Howard (Simon Helberg) e Roz
Se parecem, mas para o azar de Howard, eles são opostos em suas semelhanças. Ambos são viciados em sexo, mas a Roz faz, e o Howard não. Ou pelo menos, não tanto quanto gostaria.
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2 comentários:
Esse especial está me deixando com uma vontade imensa de assistir "Frasier". Já dei até uma olhada na disponibilidade dos DVDs nas lojas online, mas não encontrei muita coisa. Parece que a maioria dos DVDs lançados está fora de catálogo no Brasil no momento. Vou confirmar isso quando você falar sobre esse assunto no especial, como sempre faz.
Por esta parte, dá para perceber que "Frasier" foi um sucesso absoluto de crítica, arrebatador de grandes prêmios.
Achei super interessante e intrigante essas semelhanças entre os personagens da série com os de "Big Bang Theory". Na minha opinião, se trata daquela fórmula -
na maioria das vezes infalível - de apostar em algo que já foi bem sucedido anteriormente e dar uma nova roupagem aos personagens inspirados.
Bom fim de semana.
P.S.: Ri com a presença do cãozinho Eddie na imagem da porta. rsrsrs
Como eu tenho inveja desse cara! Esses especiais são sempre ótimos, sem exceção! Você consegue atiçar a curiosidade de quem não conhece a série (como foi no caso de "Cheers") e com certeza anima e emociona os fãs da mesma.
Valeu a pena esperar o especial Frasier. Não vejo a hora de ter uma oportunidade para ver a série, que parece divertidíssima...
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